Um dia de muita empatia e reflexão para um mundo mais inclusivo. Foi assim, nesta terça-feira (2), no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que a rede estadual de ensino se mobilizou com o objetivo de abordar o tema e fortalecer a garantia de direitos dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em várias escolas foram realizadas atividades como palestras e rodas de conversas com professores, funcionários, estudantes e suas famílias.
No Centro de Atendimento Especializado Pestalozzi da Bahia (CAEEPB), que desde 2007 atende pessoas com TEA, no bairro de Ondina, a abertura do Mês da Conscientização do Autismo, sob o tema “Nada sobre nós, sem nós”, teve início com a palestra do professor autista Ian Lezan Salvador. Ele apresentou sua trajetória, iniciada em Brasília, onde nasceu há 25 anos e se formou em Letras. Em Salvador, há cerca de dois anos, o educador concluiu o mestrado em Linguística e atende crianças no CAEEPB, após passar em concurso para o magistério público estadual. “Para mim, o autismo nunca foi uma barreira. Faz parte de mim e é como interajo com o mundo. A barreira no mercado de trabalho não é o autismo, mas a falta de inclusão e o capacitismo, que é o preconceito contra as pessoas com deficiência. Se você tiver um sonho, acredite nele”, ressaltou.
Sua colega no CAEEPB, a professora Gisele Viana Martins, acredita que um dia dedicado ao autismo serve justamente para uma abordagem de todos os aspectos que o envolve e mostrar que “precisamos, enquanto sociedade, aprender e melhorar muito”. Mãe de um jovem autista de 15 anos, ela ressalta que as desigualdades e preconceitos implicam em maternidades diferenciadas, mas alguns pontos são comuns: uma enorme sobrecarga emocional, física e espiritual. “Estamos exaustas por termos que brigar por tudo. Uma sociedade inclusiva é o primeiro passo contra o preconceito”, completa.
Interior – Em Juazeiro, o Núcleo Territorial de Educação (NTE 10) do Sertão do São Francisco reuniu as comunidades de dez escolas, no teatro do Complexo Integrado Rui Barbosa, onde teve início o mês dedicado ao autismo. Mais de 120 alunos e suas famílias assistiram à palestra do autista e diretor jurídico da Associação dos Amigos do Autista do Vale do São Francisco (AAMAVASF), Renan Fonseca, sobre a importância da garantia dos direitos do autista. “Levantamos essa bandeira para podermos enfrentar as barreiras do preconceito e para vencer o capacitismo”, declarou.
A coordenadora de Educação Especial do NTE 10, Rose Vieira, acredita em uma educação global, integral e não compartimentada. “Nosso trabalho é o de fomentar na comunidade o acolhimento e o respeito às diferenças. Acreditamos na escola acessível e em um ambiente de aprendizado humanizado, com o envolvimento de toda a comunidade escolar”.
Inclusão – A superintendente de Políticas para a Educação Básica da Secretaria da Educação do Estado (SEC), Leninha Vila Nova, falou sobre o processo de inclusão promovido na rede estadual de ensino. “A inclusão é premissa da escola. De 2019 até o momento, houve um crescimento do número de estudantes autistas na rede estadual e hoje temos matriculados, aproximadamente, 2.400 alunos autistas. Celebramos esse aumento no acesso à escola porque significa que as famílias e os estudantes ratificam a escola como espaço de inclusão com aprendizagem, proteção e cuidado”, explicou.
Sobre a data – Criado em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial de Conscientização do Autismo objetiva levar mais informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os autistas.