Com o documentário “O Abebé Ancestral”, o estudante Paulo Roberto Ferreira Filho, do curso de Comunicação Social da UESC, classificou-se como um dos finalistas do Festival Recanto de Cinema, promovido pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), Campus Recanto das Emas, com apoio da Academia Internacional de Cinema (AICTV), do Rio de Janeiro. Na competição nacional, realizada online no último dia 07 de novembro, foram inscritos 256 curtas-metragens de nove estados brasileiros e do Distrito Federal. Os vinte melhores trabalhos foram selecionados para a premiação final. “O Abebé Ancestral” será o representante da Bahia na disputa.

Em sua segunda edição, o festival tem como tema “Memória, Identidades e Territórios” e também é uma iniciativa do projeto “Cinemas em Rede”, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) que estimula a exibição audiovisual nas Universidades e Institutos Federais do Brasil, a partir de um circuito nacional entre as instituições. A ideia do festival é dar visibilidade e valorizar as produções audiovisuais voltadas para as narrativas protagonizadas pelas periferias brasileiras.

Para isso, está dividido em Mostra Competitiva de Curtas-metragens Brasileiros e Mostras Especiais, além da realização de mesas redondas, debates, oficinas e encontros com estudantes e profissionais do setor. Na etapa final serão disputadas premiações nas seguintes categorias: destaque bloco de câmera, destaque bloco de som, destaque bloco de edição e finalização, destaque bloco de fundamentos do audiovisual, destaque acessibilidade e destaque re-existência.

Com duração de 19 minutos e 16 segundos, “O Abebé Ancestral” foi produzido no segundo semestre de 2019, na disciplina Oficina de Vídeo Educativo, e orientado pela professora Betânia Maria Vilas Bôas Barreto. O diretor Paulo Roberto Ferreira Filho, negro e candomblecista do terreiro Ilê Axé Odé Omopondá Aladê Ijexá (Banco da Vitória, Ilhéus-BA), teve como objetivo deste projeto fazer um resgate histórico e religioso de tradições orais do candomblé a partir das histórias do povo de terreiro, seus valores e religiosidade.

Em sua narrativa, o curta-metragem conta a história de Mejigã, sacerdotisa nigeriana que sofreu diáspora no século XIX e foi escravizada no Engenho de Santana, do qual escapou, resistindo e se tornando símbolo de empoderamento ao gestar uma dimensão Ijexá no Sul da Bahia que se disseminou através do Babalorixá Ajalá Deré (Ruy Póvoas), descendente de Mejigã em quinta geração. Com depoimentos de Mãe Darabi/Alba Cristina Soares (Ialorixá), Olúkóso/Luzi Borges (Kolabá de Xangô) e das performances da atriz Izadora Guedes, é apresentada a trajetória de vida, importância e representatividade dessa figura histórica e mitológica.

A produção também foi finalista na 27ª edição da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação – EXPOCOM Inter-regiões Nordeste 2020, evento que faz parte da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação no último mês de outubro. A última fase do Festival Recanto de Cinema acontecerá entre os dias 25 de novembro e 12 de dezembro, de forma totalmente online e gratuita. Mais informações sobre as exibições dos concorrentes na página do evento: https://www.instagram.com/recantocinema/ e para conhecer mais do trabalho do jovem cineasta, acompanhe a página https://www.instagram.com/pauloferreirafotografia/

Texto: Professora Drª Betânia Maria Vilas Bôas Barreto – UESC

Fotos: Herlen Santos, Paulo Ferreira, Vinícius Teófilo