Estudantes de Sociologia, Ciências políticas e de Antropologia da Universidade de Otawa (Canadá) visitaram o Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, para conhecer de perto o modelo vitorioso de gestão da unidade hospitalar, que pertence ao Governo da Bahia e é administrado pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).
Os universitários fazem parte de um projeto que, anualmente, traz uma comitiva de 15 estudantes da universidade pública do Canadá para a localidade de Serra Grande, município de Uruçuca, onde promovem um intercâmbio regional sobre experiências positivas nos dois países. “É uma troca”, resume a tutora do grupo de saúde, a doutora em Antropologia Iaci Pisolato. “Essa troca inspira os dois lados, mostrando ações positivas do Brasil para conseguir ainda mais valorizações em áreas que já melhoraram muito”, completa.
Camila Ouellette, mestranda em sociologia, trabalha com indígenas no Canadá e se interessou em conhecer Ilhéus, por o município sediar a única maternidade da Bahia habilitada para atendimento aos Povos Indígenas do estado. “Tudo o que vi foi impressionante e emocionante. Eu acho que o sistema de saúde do Canadá pode aprender muito com esse modelo aqui”, revelou.
No Canadá, a saúde é pública, mas não tem um sistema universal. Cada estado recebe recursos e decide como vai usá-lo. Ao comparar o atendimento feito pelo HMIJS à comunidade indígena, Camila revelou que a saúde indígena no Canadá “tem muito caminho ainda que fazer para chegar a esse modelo aqui”.
Sabrina Geady, cursa o último semestre de Ciências Políticas, e pretende focar seu trabalho na presença do Estado na saúde e de como funciona o SUS no Brasil. Já o estudante de Antropologia Daniel Torres se interessa em questões de saúde ambiental, a exemplo da influência das mudanças climáticas na qualidade de vida das pessoas. Torres fez questão de destacar qualidades que viu ao visitar o hospital. “É um ambiente caloroso. Vi cortesia durante o tempo todo. Pessoas sempre com muita atenção. Quem está internado não se sente aprisionando num ambiente hospitalar”, assegurou.
Trabalhos e debates
Os estudantes de Otawa são divididos em subtemas, de acordo com o seu próprio interesse de estudo: agroecologia; migração e turismo; educação e conhecimentos tradicionais; saúde; e raça e gênero. Ao final da visita, os olhares sobre a experiência vivenciada são debatidos com lideranças locais e apresentada uma exposição sobre o que mais chamou a atenção nos ambientes visitados.
Este é o segundo ano que a Universidade de Otawa escolhe o Hospital Materno-Infantil como referência para o trabalho universitário no tema da saúde pública. “No ano passado as atividades da saúde foram mais focadas em saúde materna. Este ano a gente abriu um pouco mais, para um grupo mais plural, de formações diferentes”, explica a professora da universidade e antropóloga Meg Stalcup, que coordena a comitiva estrangeira.
“É evidente que o SUS necessita de alguns aprimoramentos. Mas é um orgulho vê-lo valorizado por pessoas de países do Primeiro Mundo”, reconhece a diretora-geral do HMIJS, Domilene Borges. “Ter essa resposta ao trabalho de referência que tem sido feito no Materno-Infantil apenas reforça o compromisso da direção e dos trabalhadores que podemos oferecer um serviço cada vez mais humanizado”, completa.
Após conclusão do intercâmbio, os trabalhos dos estudantes serão disponibilizados na rede mundial de computadores, em três idiomas: inglês, francês e português.