Por Alessandro Fernandes de Santana
A história da nossa Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), hoje pública e gratuita, tem na sua gênese a marca de nomes indeléveis, pioneiros na implantação do Ensino Superior na Região Sul da Bahia, responsáveis pela implantação do Campus Professor Soane Nazaré de Andrade, nos idos 1974, aos quais foram somando outros personagens até a atual realidade da Instituição que se mantém como polo indutor do desenvolvimento regional.
A trajetória institucional começou em 1973 com a criação da Fundação da Universidade Santa Cruz, que foi a mantenedora da Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (Fespi), antecessora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).
O nosso Campus, que completa 50 anos neste 22 de abril, foi inaugurado em 1974, num conjunto de aproximadamente 38 hectares, no bairro Salobrinho, município de Ilhéus, à margem da rodovia Jorge Amado (Br415). Hoje, arborizado e florido, é como se fosse um jardim dentro do próprio jardim, já que o Campus está plantado num fragmento da exuberante Mata Atlântica do Sul da Bahia, mãe da mais rica biodiversidade do Planeta.
Nele, floresceram e florescem pavilhões, prédios, edificações engastadas que brotam saberes e talentos vivos na história. É verdade! O nosso Campus é o jardim onde germinam sementes que florescem a cada dia e encanta a quem por ele passa, aguçando a inspiração dos poetas.
“Este é um campo de paz”, exaltou a saudosa professora, filósofa e poetisa Valdelice Soares Pinheiro, no seu clássico “Poema de primavera e paz”, que também diz: “aqui, de todos os dedos brotarão sementes e flores próximas anunciarão novos olhos”. Para outros, “é o jardim onde floresce o conhecimento e a liberdade”.
Com uma belíssima e envolvente História, o Campus Professor Soane Nazaré de Andrade é muito mais do que uma estrutura física, muito mais do que um território em que protagonistas diversos construem, erguem, produzem, dialogam, transformam, defendem ideias e ideais e entretecem o mundo e o tempo com sonhos e fazeres.
A Ceplac, outra grande conquista regional, foi o nosso grande alicerce, suporte essencial para a construção das primeiras edificações. À época, a Ceplac era a força da Região Cacaueira, cuja gestão não hesitou a dar passos na direção da formação acadêmica, para os seus e para os que aqui chegam! Nesta data, ao tempo em que saudamos a história, pedimos a todos, principalmente aos mais jovens, que guardem na memória os nomes e as ações de iluminados utopistas que construíram e constroem, todo dia, um novo capítulo da história da Fespi-Uesc.
Ao vivermos este legado, nossa eterna gratidão à família do agricultor Manoel Fontes Nabuco pela doação de 14 hectares desta área, e aos homens visionários, como Amilton Ignácio de Castro, Érito Machado, Fabio Dantas, Francolino Neto, Flávio Simões, Gileno Amado, Henrique Cardoso, Jorge Fialho, José Cândido de Carvalho Filho, João Batista Alves de Macedo, Joel Brandão de Oliveira, Wilson Rosa da Silva e ao idealista e sonhador Soane Nazaré de Andrade, o primeiro Diretor-Geral da Instituição.
Não podemos deixar de reconhecer o papel exercido pelos diretores da precursora Fespi, Aurélio Macedo e Altamirando Marques. A primeira reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz Reneè Albagli Nogueira, Joaquim Bastos, Adélia Pinheiro e Evandro Sena Freire. Todos ajudaram a fazer a Uesc que temos hoje, pujante na universalidade do conhecimento.
Nos orgulhamos, da mesma forma, do empenho da comunidade acadêmica – professores, técnicos-administrativos, estudantes e terceirizados – que até a atualidade desempenham um trabalho valoroso em benefício da sociedade regional, com inserção nacional e internacional.
A nossa Uesc tem importância ímpar nos aspectos de formação, tanto profissional, acadêmica e intelectual, de todas as pessoas que colheu ofertando ensino, pesquisa e extensão. Afinal, ao longo do período de existência institucional, foram graduados e colocados à disposição do mercado de trabalho, mais de 40 mil profissionais. Em todos os municípios desta região há profissionais que foram formados nesta instituição, viveram e concretizaram seus sonhos neste Campus. Muitos deles, hoje, exercendo cargos importantes para o desenvolvimento do Bahia, do Brasil e em outros países.
Temos um orçamento de aproximadamente R$ 400 milhões/ano, cujos recursos circulam na própria região, seja através da folha de pagamento de pessoal, ou através de compras nas empresas locais. A nossa Universidade também impulsiona o setor imobiliário, através dos servidores docentes, administrativos e dos discentes, que aqui vêm morar, e alugam ou compram imóveis.
Sabemos da dimensão da importância de nossa Universidade ao perceber o seu papel na contribuição para o desenvolvimento regional e estadual, através das atividades finalísticas – Ensino Pesquisa, Extensão e Inovação – que fazem a Uesc ser reconhecida como uma instituição pujante, com produção científica e social em todas as áreas do conhecimento, o que muito nos orgulha.
Portanto, trabalhemos todos juntos para que novas conquistas se efetivem por meio do conhecimento, da competência e da inovação, como células de uma Universidade cada vez mais democrática, diversa, inclusiva e humanizada. A história nos dá motivo para nos sentirmos honrados pelo passado, orgulhosos do presente e construtores de um futuro sustentável.
Alessandro Fernandes de Santana é Reitor da Uesc