Por Lisdeili Nobre
O ano de 2023 antecede as eleições municipais de 2024, portanto, está dada a largada para o título de “Pai dos Pobres”.
Os candidatos a esta figura paterna já começaram a se movimentar e vale tudo para esta coroa, como: inaugurações de vazamentos, pinturas para retiradas de mofos, recapeamento até de asfalto novo, pois o que vale são as máquinas na rua, trabalhando a todo vapor.
Ah, vale também comer pastel na feira, comer aquela fadada encorpada na comunidade e ao mesmo tempo dançando um pagode sem qualquer ritmo. E lógico, não pode ficar de fora, a mais clássica de todas as ações carismáticas, pegar criancinhas no colo.
Como os candidatos já estão na pista, vamos entender melhor o significado do termo, populismo, o que lhe permitirá perceber melhor as movimentações políticas dos nossos ilustres candidatos à pai dos pobres.
Você deve estar acostumado com esta ideia por populismo, daquele político que engana o povo com sua retórica, fazendo promessas que não cumpre e coloca os seus interesses pessoais acima do caráter.
Mas não é desta ideia propriamente que se concebe o termo populismo, mas como uma ideologia de Estado, exercitada através de uma figura carismática, o que objetiva manter uma aliança entre Estado e Burguesia (industrial ou agrária), mas contando que esta aliança tenha o apoio das classes exploradas pelo capital.
Cas Mudde professor da Universidade de Geórgia (EUA), diz que o termo populismo é uma ideologia rasa, a qual considera a sociedade dividida em dois grupos antagônicos: o povo e a elite corrupta. Desta forma, o citado termo parte deste princípio fundante, o antagonismo entre povo e elite, os quais historicamente tem interesses irreconciliáveis.
Tanto é que populismo está na esquerda e na direita, polos que tem concepções diferentes do que significa povo. Na direita defende populismo de uma concepção étnica, de caráter nacionalista, com críticas contra a imigração e práticas xenofóbicas. Já na esquerda o termo povo, o melhor “nós” do povo, é o estabelecimento direto do povo com seus líderes populistas.
Mas o que importante você se atentar, que são figuras que fazem de tudo para tornarem carismáticas, buscando mobilizar classes subalternas, através da transmissão desta ideia de paternidade, com práticas emotivas, anti-intelectual e sem qualquer compromisso com programas sociais.
Portanto fique esperto, os pais de pobres que surgem principalmente nas vésperas eleitorais, têm como alvo uma população fraca, tratando como filho pequenos. Estas figuras simpáticas buscam moldar a mente popular, passando pela figura de pai forte e salvador.
Cuidado, já estão andando por aí, bem próximo de sua casa.
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Lisdeili Nobre é Doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania, Delegada de Polícia Civil, Docente do Curso de Direito na Rede UNIFTYC, Cronista de diversos Blogs, Abolicionista Penal, Ativista social em projetos de Politicas Criminais de Prevenção Primária e sustentabilidade ambiental e Apresentadora do Política sem Mistério transmitido pela TVItabuna