Muitos pais e mães de famílias estiveram no Complexo Policial hoje, prestando queixa contra os policiais que estiveram no Zizo desde o fim de semana até a noite de terça-feira (7). Para os moradores, violência e intimidação. A polícia, quando é questionada sobre isso, argumenta que "faz uso da força necessária".
As primeiras ocorrências foram na noite da última sexta-feira (3), quando a Polícia Civil realizou uma operação preventiva nos bairros que fazem parte da área da 1° Delegacia Circunscricional. O saldo foi uma prisão, por porte ilegal de arma, no bairro Califórnia.
No entanto, as ações, que fazem parte do programa "Ronda nos Bairros", continuaram normalmente, inclusive – e especialmente – no bairro de Zizo, onde teriam ocorrido os excessos.
De acordo com a gari Janaína Venâncio de Paula, de 27 anos (na foto ao lado, exibindo a guia de exame médico-legal), ela foi agredida pelos policiais ontem à noite, quando estava no bar, localizado na rua Principal do Zizo, com familiares. Hoje pela manhã, Janaína mostrava as marcas da agressão que disse terem sido produzidas pelos ‘baculejos’ da PM.
A gari ainda contou que no domingo (5), durante uma ronda, os policiais – "que sempre chegam em alta velocidade e em atitudes violentas" – fizeram revistas "no capricho" em todos que estavam à vista, sem exceção – incluindo mulheres, crianças e idosos.
Esse fato, diz, se repetiu na terça-feira, com maior número de policiais, mais violência e algumas pessoas detidas. Até cassetetes e spray de pimenta foram utilizados, relata.
Marcado pela fama
O Zizo é um bairro marcado pela fama de abrigar muita bandidagem e de ser violento e inseguro. Porém, muita gente que ali reside, a maioria das pessoas, na verdade, é de trabalhadores e pessoas de bem.
Ontem, por exemplo, muita gente estava no bar, na rua Principal, que foi palco das revistas policiais. Estavam comemorando, após um torneio de futebol. "Havia muitas pessoas no bar, muitas delas pais e mães de família e que foram humilhadas e detidas", relata a gari Janaína, que cita ela própria como exemplo e um outro morador, ‘Galego’, que é feirante.
A estudante Daiane da Silva Santana, de 20 anos, que também foi "baculejada" por um PM – homem – no bar, ontem, contou que se assustou com a intimidação dos policiais.Ela também esteve no Complexo Policial, onde aparece na foto, ao lado da amiga Janaína, após prestar queixa.
Não se tem dúvidas de que é bom e necessário o policiamento ostensivo em toda a cidade. Mas chegar arrepiando só faz com que os que são bandidos ouçam o furdúncio e fujam, enquanto os pais de família são pegos "para Cristo".
Além disso, moradores reclamam da alta velocidade com que as viaturas passam pelas ruas. Nessas idas e vindas, dois animais de estimação foram atropelados e uma criança, de seis anos, quase foi colhida por uma dessas viaturas em alta velocidade.
Melhor evitar, não?