O ex-prefeito e pré-candidato Geraldo Simões concedeu entrevista, na manhã desta quarta-feira (29), ao programa de Oziel Aragão, na Morena FM. De olho nas pesquisas que pipocam na cidade como “segredos de liquidificador”, Geraldo renovou o discurso e já fala como candidato viável, ao propor um governo de parceria com o povo e com a sociedade organizada. “Vamos fazer o Orçamento Participativo, para o povo decidir como vamos investir esse orçamento de R$ 1 bilhão”.

O pré-candidato reforçou não querer governar sozinho, nem mesmo apenas com 20 vereadores, “porque seríamos insuficientes”. “Quero governar com os conselhos municipais, com a ONG Bicharada, a ONG Acari, quero ouvir o projeto Bem-Viver, que estimula as pessoas a se exercitarem, ali na Beira-Rio. Quero ouvir essas e outras pessoas e entidades como vamos cuidar da cidade”.

Geraldo também sinalizou aos jovens, que não tem conhecimento de como foram suas duas gestões como prefeito – 1993 a 2006 e de 2001 a 2004. “Precisamos criar mecanismos que permitam reter em nossa cidade essa juventude que estuda, se forma, mas não encontra oportunidades de emprego em Itabuna. Implantei uma agência de empregos na prefeitura, mas hoje não tem nada. Precisamos cuidar desses jovens”.

A fala se justifica com outra, quando mostrou uma preocupação e confirmou que tem a juventude como alvo. “Os jovens não sabem que eu trouxe a UFSB, não sabem que eu trouxe o Gasoduto, que a barragem do Rio Colônia é um projeto meu, de quando fui prefeito, nem sabem que eu coloquei dinheiro nela, como deputado federal”.

A cultura também foi lembrada, e a linha foi a mesma: “Itabuna é uma cidade rica culturalmente, mas a prefeitura e a FICC não cuidam da cultura, só pensam em grande eventos. Mas tem gente fazendo cultura, fora da FICC, a exemplo do movimento Alvorada. Tem muita coisa acontecendo sem a participação do Poder Público. Precisamos aproveitar essa energia positiva que Itabuna tem e está dispersa, mas que precisa ser conduzida pela prefeitura”.

Política sim, mas sem pressa

Talvez o que mais tenha gerado análises positivas sobre a entrevista nos grupos de discussão política da cidade tenha sido a serenidade – alguns leem como segurança – com que Geraldo tratou temas que são igualmente urgentes numa pré-campanha, a exemplo das possíveis alianças políticas. “Vamos procurar os partidos no momento certo”, afirmou. “Sou o único candidato que cresce em Itabuna. Estou sem pressa, ainda tem muita água para passar embaixo da ponte do São Caetano”.

O MDB foi destinatário de um forte agradecimento, especialmente pela deferência do presidente de honra Lúcio Vieira Lima, que esteve em Itabuna e defende a candidatura petista em toda e qualquer oportunidade. “Sou muito grato ao MDB e ao amigo Lúcio Vieira Lima”.

Sobre os outros partidos, inclusive PV e PCdoB, que fazem parte da Federação junto com o PT, Geraldo disse que não vai procurá-los agora, “para não constrangê-los”, porque eles integram o governo municipal. “Mas são desprestigiados. O PC do B tem a secretária da Educação, mas ela não tem autonomia, tanto que as escolas seguem sem reforma. Na hora certa vamos chamar todos para conversar”.

“Gestão fracassada” e “asfalto farofa”

Geraldo creditou a derrocada de Itabuna ao que ele chamou de “gestão fracassada”. “Itabuna entrou em uma fase de declínio, perdeu população economicamente ativa. Isso porque as pessoas estão sem perspectivas aqui”. Para ele, esse fracasso é irreversível. “Não adianta correr para fazer asfalto a toque de caixa, usando esse dinheiro que pegou emprestado”.

Essa correria em fim de governo está levando a prefeitura a colocar asfalto de má qualidade nos bairros, afirma Geraldo. “Apareceu agora um ‘asfalto farofa’, que desmancha mesmo sem chuva. Os empréstimos que o prefeito tomou são temerários, porque estão endividando o município para os próximos gestores, e ninguém sabe como se vai pagar isso”, reclamou.

Geraldo ainda respondeu sobre temas diversos:

Emasa

“Devolveria a Emasa para a Embasa, num acordo para o governo investir R$ 500 milhões no saneamento básico em Itabuna, assumindo as dívidas e os funcionários da Emasa. Isso iria solucionar o abastecimento de água e a coleta e tratamento do esgoto que hoje é lançado diretamente no Rio Cachoeira”.

Asfalto de qualidade

“Fiz 120 quilômetros de asfalto de qualidade, em parceria com a Petrobrás e não peguei um centavo de empréstimo. E ninguém botava apelido em meus asfalto, porque antes de asfaltar fazia uma boa base”.

Educação

“A educação está em situação precária. Se compararmos com as escolas do estado é uma vergonha. Muitas escolas funcionando de forma irregular, dentro de fábrica de tijolos etc. Precisamos motivar os professores e estudantes. Uma escola do século passado não atrai os estudantes e não motiva professores. Em nossa época, tínhamos a melhor educação da Bahia”.

Declarações de Jerônimo e Wagner

“Quero pegar nos dois braços de Lula e de Jerônimo para juntos trabalharmos por Itabuna. Eu também gostaria de unir a base, mas como fazer isso com um governo fracassado, um prefeito rejeitado pela população. Você acredita numa relação que o governador perdeu aqui por 28 mil votos? Que todos os secretários fizeram campanha pra ACM Neto? Que o prefeito não fez campanha para o governador, e só ia nos eventos quando o candidato estava na cidade?”

Mobilidade urbana

Antes de fazer os grandes investimentos em obras de infraestrutura de mobilidade, vamos investir primeiro no transporte público. Um sistema que traga as pessoas para o transporte público, vai desafogar o trânsito. Tarifa zero para os alunos da rede pública municipal e estadual. Vamos modernizar o transporte coletivo. Tem muita coisa moderna no Brasil, que Itabuna está perdendo”.

Santa Casa

Hoje, o atendimento público não está bom nos três hospitais da instituição. Precisamos encontrar uma forma de melhorar a saúde financeira da Santa Casa, naquilo que cabe à prefeitura.