Por Carlos Eduardo Sodré
Quando Geraldo Simões nasceu, lá se vão setenta anos, na velha e amada Ferradas de tantas tradições, tantos filhos ilustres e tanta gente serena e de qualidade humana admirável – ornada por simpatia, fidalguia e apuro na imensa consideração de todos com todos e para com os que ali chegam e saem, desde sempre – o Brasil vivia momentos muito especiais: o Estado Novo já havia ficado para trás; a 2ª guerra mundial e seus efeitos já se iam esmaecendo; o país se agitava na discussão de suas sentidas aspirações, bandeiras nacionalistas que defendiam legítimos interesses pátrios, como a defesa de nossas riquezas naturais, a começar pelo monopólio nacional do nosso petróleo. A infância deste ferradense, mesmo que provindo de família simples de trabalhadores e sob dificuldades próprias desse segmento, deu-se num ambiente desafetado, cercado de gente decente e solidária.
Na virada dos tempos de criança para a adolescência, o trabalho, mais que necessário para ajudar no sustento da família, passava a marcar a sua vida e acompanhar a sua trajetória de forma permanente e definitiva, pelo desempenho de vários tipos de ocupações – por exemplo, empacotador de supermercados – até ingressar na EMARC de Uruçuca, da CEPLAC, e tornar-se técnico agrícola, sua primeira formação educacional, após o que conquistaria o seu primeiro emprego (EPABA-Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia), cumprindo jornadas em outras regiões agro-econômicas do estado, até quando ingressou nos quadros funcionais da CEPLAC, já ganhando melhor, virando universitário para fazer formação acadêmica voltada para a gestão administrativa, ampliando a sua visão de vida e de mundo e – como líder, já ali, de vários segmentos funcionais (presidente do Conselho de Entidades do setor) e de mobilizações pela redemocratização – despontando no cenário regional, sendo curto o passo que o levou para a política e, conduzindo os seus companheiros, dedicou-se à construção partidária do PT, na região; logrando a maior votação proporcional para Vereador da história dos pleitos de Itabuna, seu ponto de partida para uma carreira ascendente, rápida, que o levou dali a dois anos a deputado estadual, cargo do qual se afastou, no dorso de uma vitória eleitoral surpreendente para cumprir, competentemente, o seu primeiro mandato de Prefeito municipal de Itabuna. Respaldado por sua operosa gestão, foi guindado a um mandato à Câmara Federal e exerceu, em diferentes momentos, outros dois mandatos de boas conquistas para a região, voltando novamente a governar o município. De permeio, foi presidente da CODEBA – administrando os portos baianos, e ocupou a Secretaria de Agricultura do Estado. Tudo isso rendeu-lhe enorme experiência administrativa e fez dele um dos melhores e mais completos quadros da atividade pública da Bahia, pronto para o exitoso exercício de qualquer cargo!
Afável e generoso no trato com todos, em especial com os mais simples e despossuídos, sempre disponível para servir, é homem extremamente sensível, cuja humildade que norteia o seu espírito também em muito respalda a sua forma pacífica de agir inclusive, nos tensos embates que a política suscita, quando sempre tem uma saída sensata, ponderada e cordial, sendo que o seu senso realista não lhe permite sofrer decepções impactantes, convindo esclarecer que, se não cultiva o otimismo exagerado, jamais permite que o negativismo ou o pessimismo, ainda que o entristeçam, jamais o desequilibram ou lhe fazem perder a esperança. A sua índole, a fé cristã que cultiva tão ardorosamente e o desejo de, arrimado em sua inabalável consciência por justiça social e por vero amor aos seus semelhantes, mormente os mais despossuídos, trabalhar pela efetiva melhoria das suas condições de vida, são a marca mais contundente de sua atuação na vida pública.
Isso explica certamente os seus êxitos e vitórias extraordinários, razão de incômodo e odientas investidas adversárias, estribadas invariavelmente numa doentia inveja que – sem querer – termina por atrair, inobstante faça permanentes gestos de conciliação mesmo dirigidos a quem, gratuitamente, por mero despeito, o atinge com verdadeiras e sistemáticas campanhas de combate à sua pessoa, fruto de vergonhosa e obsessiva frustração de uma elite residual, ”bonga” sobrante dos tempos do fausto econômico, representada por um bando de parasitas, descendentes de famílias cujos antepassados construíram fortunas expressivas a cujo trabalho, gerações subsequentes, deitadas em berço esplêndido em que refastelaram-se sem se dar conta de que o comodismo preguiçoso só serve para a dilapidação parasitária, dele querem cobrar uma ruína que ensejaram e por vezes contam com a ajuda de uma vassalagem que sobrevive à cata dos farelos sobrantes das fortunas decaídas…
A grande farsa de debitar a Geraldo a culpa pela inoculação, em nossos cacauais, da praga da “vassoura de bruxa”, açulada e bancada por poderosos locais e de fora, orquestrada para efetivar o seu banimento da política foi um duplo “tiro que saiu pela culatra”. De um lado, a avaliação acadêmica, que desmistificou a torpe acusação pelo reconhecimento, então atestada, da impossibilidade científica da introdução da terrível praga como fora objeto da acusação imputada ao nosso aniversariante de hoje – o que levou ao arquivamento da incoação; doutra parte, por que a inteligência do eleitorado, por perceber o caráter farsante da acusação, o reelegeu para a Câmara Federal – pasmem ! – com votação superior ao pleito anterior… O “requentamento” dessa arenga desmoralizada em cada campanha eleitoral, de enfadonho, já virou motivo de chacota e merece ser repelido sistematicamente. Sem falar de que seja tão de mau gosto, como café requentado, por isso que já virou “cola rala”…
Mas, a perseguição a Geraldo Simões – um filho de operários, gente pobre mas respeitável, que tem colhido mais êxitos que os filhos das nobres e ricas famílias sul-baianas, esse o ponto fulcral das campanhas pessoais que contra ele são movidas e não se lhe é perdoado – não ocorre só neste plano e nas campanhas eleitorais a cada dois anos, ocorre por via das denúncias judiciais desfundamentadas e dentro do seu próprio partido, além de figuras menores, altos dirigentes, ditos grandes líderes, que nos pleitos se valem do seu prestígio e apoio e, apossados das posições, rendidos a tricas e futricas, procuram alijá-lo e, no novo pleito, voltam a “chaleirá-lo” e ele, com capacidade tão elástica para perdoar essas deslealdades, voltam a valer-se de seus préstimos em razão de sua fidelidade partidária.
Mas, Geraldo, chefe de família exemplar, bom filho, bom marido, pai e avô, e lealíssimo amigo dos seus amigos, que sabe ser reconhecido aos que dele não se aproximam para usá-lo ou ex-plorá-lo – continua a sua senda, calçado com as sandálias da humildade, cumprindo a sua destinação de ser humano que entende que “quem não vive para servir, não serve para viver” e de que lutar por seu povo é missão divina que deve cumprir por isso que, com a leveza de ser humano inteiramente do bem, mesmo sabendo não poder mudar o mundo – para torná-lo mais justo e fraterno – vai, cotidianamente, fazendo a sua parte com o que sabe e possa fazer, sem ostentação, dando satisfação a Deus e a sua consciência.
Nestes seus setenta anos – mais apanhado, aprendido e experiente – ainda assim, ele não será o presenteado. Será ele mesmo o próprio presente que Deus certamente reserva para o seu povo, compensando-o e desagravando-o de tanta maledicência, para fazer por sua Itabuna a grande obra de recolocá-la nos trilhos da honra, da honestidade, do progresso, estancando essa atual “marcha batida” para a decadência e varrer, com os bons ventos do trabalho e da competência, a imundície da fraude instalada, da contrafação que agride a inteligência de uma cidade que se quer civilizada, mas tão lesada, fraudada e enganada.
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Carlos Eduardo Sodré é advogado