O ex-prefeito de Itabuna, Geraldo Simões, concedeu entrevista na manhã desta terça-feira (16) ao jornalista Oziel Aragão, da Interativa FM. Os assuntos giraram em torno das ações de combate ao coronavírus e à Covid-19 no município. O político criticou a forma como o município tem enfrentado a pandemia, sem orientação e de forma individualizada, e pregou a necessidade de um colegiado para auxiliar nas decisões.
“Deveria ter um comitê gestor, para que as decisões fossem tomadas ouvindo especialistas, evitando decisões precipitadas e as contradições entre os entes públicos. Estamos vendo muita confusão, idas e vindas que prejudicam o combate à Covid-19”.
Geraldo analisou como uma falha da gestão municipal não usar a rede de postos de saúde para atendimento à Covid-19. “Itabuna tem uma grande rede de postos de saúde. Qual o problema de organizar uma sala, com médico, enfermeiro e demais profissionais para ali já fazer o atendimento inicial, realizar um teste, para definir a forma de abordagem para a família de quem testasse positivo”
Para Geraldo, outro desperdício de força de trabalho é com os agentes de saúde e de combate à endemias. “São pessoas que conhecem cada morador de cada rua de nossa cidade. São servidores que podem auxiliar na identificação de pessoas que necessitem atendimento”.
Em relação ao comércio, Geraldo analisou que em vez de discutir a abertura, nesse momento, seria o caso de fechar o comércio de verdade por 10 dias, para derrotar o coronavírus. “Remédio amargo se toma de uma vez. É um remédio amargo, sei que é difícil para os empresários, mas derrotando de uma vez o vírus, poderemos abrir com mais segurança. Porque abrir agora, vai fazer a contaminação disparar. E eu não acredito que o comércio consiga fazer uma abertura organizada nesse momento. Nem as farmácias estão conseguindo manter um número seguro de pessoas em seu interior”.
O ex-prefeito afirmou que, se fosse ele o gestor, nesse momento Itabuna estaria em lockdown. “Para abrir a cidade, precisaríamos de uma taxa de ocupação dos leitos de UTI menor que 75%; pelo menos 14 dias sem mortes e sem novos casos, uma taxa de isolamento social de pelo menos 55% e uma taxa de transmissão de menos de 1. Estamos com 38% de ocupação de UTI, 38% de isolamento social e transmissão de mais 4. Hoje estaríamos em lockdown. Remédio amargo se toma de uma vez”.
Geraldo analisa que houve uma grande falha do atual gestor, que desfez um acordo que tinha com o governador Rui Costa, para transformar o Hospital de Base em referência para Covid-19. “Naquele momento, em que teríamos um hospital com 40 leitos de UTI e 60 leitos clínicos, era o momento de enfrentar a pandemia e derrotar o vírus. O governador foi pego de surpresa e os leitos que viriam para Itabuna foram distribuídos para Ilhéus e para o Hospital Costa do Cacau”.
Ele diz que ainda dá tempo, mas seria necessária a criação de um comitê gestor. “Dinheiro tem, e está mofando nos cofres da prefeitura. São R$ 60 milhões parados na prefeitura. Temos que usar todos os recursos para derrotar essa pandemia. É uma guerra, não é hora de guardar dinheiro enquanto as pessoas adoecem”.