O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio (HMIJS) – instituição da Secretaria Estadual da Saúde gerida pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS) – oferece testes rápidos e sorológicos para todas as pacientes acompanhadas no pré-natal e realiza testagem em toda paciente admitida em situação de parto ou abortamento. Além disso, a unidade dispõe de Penicilina Benzatina, que é a droga de escolha para tratamento da sífilis, e oferta a todas as pacientes diagnosticadas com a doença. Ilhéus, onde a unidade hospitalar fica localizada, está entre os municípios baianos com mais de 100 mil habitantes que registraram taxas acima da média estadual de casos, situação que exige esse cuidado ainda maior no momento do parto.
Segundo dados da Sesab, no ano de 2024, 172 dos 417 municípios baianos apresentaram taxa de incidência de sífilis superior à média estadual, que foi de 8,2 casos por mil nascidos vivos. O assunto tem alertado as autoridades não só da esfera da saúde.
No último final de semana, por exemplo, o Ministério Público da Bahia, Conselho de Saúde e representações da Secretaria Estadual da Saúde debateram estratégias para reduzir os números e reforçaram o compromisso do Estado com as metas da Agenda 2030 da ONU e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente aqueles relacionados à eliminação da transmissão vertical da doença, que é aquela que ocorre quando a doença da mãe passa para o feto.
Significância
“Infelizmente a população ainda não reconhece a sífilis como um problema grave com diversas repercussões, dificultando o rastreio adequado e periódico em pessoas com vida sexual ativa e o tratamento adequado do paciente e suas parceiras”, afirma o médico Rhuan Victor Moraes, coordenador de Obstetrícia do HMIJS. “Precisamos de um engajamento maior da população no combate a transmissão da doença, com medidas simples, como o uso de preservativos nas relações sexuais, testagem periódica e adesão ao tratamento”, completa.
Enfermeira da Vigilância Epidemiológica da unidade, Bianca Nascimento revela uma preocupação. Muitas gestantes que fazem, inclusive, as etapas de pré-natal nas Unidades de Saúde, só descobrem o diagnóstico, aqui, durante esta triagem realizada. “Esse é um nó crítico que ainda temos que enfrentar”, assegura. Bianca explica que quando é feito o VDRL, exame de sangue que detecta anticorpos contra a sífilis, o reagente tem uma titulação.
“A equipe médica vai definir pelo tratamento ou não. Muitas vezes a presença da reagência do teste não significa necessariamente que ela tenha sífilis. Pode ser apenas uma cicatriz vacinal recente ou tratamento anterior onde já foi controlada a titulação”, explica.
Gestante e bebê acompanhados
De acordo com a profissional da saúde, desta forma se consegue identificar na porta essa gestante e, se de fato, é diagnosticada uma paciente VDRL com titulação alta, que desconhecia ou nunca fez o tratamento, a equipe médica estabelece o tratamento.
Caso a gestante tenha história de sífilis, tratada ou não, são solicitados novos exames dela no hospital e é iniciada a investigação do recém-nascido, com exames laboratoriais – hemograma, VDRL e estudo do liquor, se for o caso – e, se necessário, de imagem, como raio X de ossos longos, revela a médica neonatologista Veruska Lino. “Se necessário tratamento do recém-nascido, são 10 dias em uso de antibiótico e, na alta hospitalar, ele é encaminhado para o CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) para acompanhamento pós-tratamento, com pediatra”, completa.
O médico Rhuan Victor Moraes afirma que é imprescindível que os profissionais de saúde estejam preparados para lidar com esses casos e fazer o aconselhamento correto. “Ademais, o controle de cura se faz necessário com testagens seriadas nos dois primeiros anos pós-tratamento”, assegura.
Referência
O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio conta com 105 leitos, destinados à obstetrícia, à gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, com funcionamento 24 horas e acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. É a única unidade do estado habilitada ao atendimento aos Povos Indígenas. Desde a sua inauguração, o HMIJS já realizou mais de 10.250 partos.