O Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna, em parceria com a Central de Transplantes da Bahia, realizou nesta semana a captação de múltiplos órgãos, doados por familiares de um paciente de 62 anos, que residia em Ilhéus. De acordo com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna (SCMI), no caso específico, por causa da idade do doador, o gesto de generosidade ajudará a salvar até quatro vidas.
A coordenadora da CIHDOTT da SCMI, a enfermeira Patrícia Betyar, afirma que decisões, como da família do ilheense, são fundamentais para salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas. Ela faz um apelo para quem ainda não se declarou doador pense com carinho sobre o assunto. “O processo de doação no Brasil é um dos mais rigorosos no mundo. Seguimos protocolos rígidos. Os órgãos são retirados do paciente somente depois de confirmada (por meio de exames obrigatórios) a morte encefálica”.
Suporte das equipes
Nos hospitais da Santa Casa de Itabuna (Calixto Midlej e Manoel Novaes), como em todo o estado, as captações são feitas pelo cirurgião da Central de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), com o suporte das equipes multiprofissionais das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). No caso da doação de múltiplos órgãos desta semana, por exemplo, a equipe foi coordenada pelo médico cirurgião Avio Brasil.
Um levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) aponta uma redução de 33% das doações de órgãos no Brasil. Para os envolvidos no processo de doação, essa queda deve-se à pandemia do novo coronavírus. Nos últimos seis meses, a negativa da família subiu 68%. Isso significa que as pessoas estão tendo que esperar muito mais tempo para serem transplantadas.
Atualmente, na Bahia há 2.227 pacientes na fila de espera por um órgão. Desse total, 1.282 sonham com um rim para ter uma qualidade de vida melhor. Para córneas, são 931 pessoas na longa fila. À espera de um fígado existem 14 pacientes, conforme dados do Registro Geral da Central de Transplantes da Bahia.
Ainda tem dúvida?
Como base em critérios técnicos, o transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico de reposição de um órgão (como coração, fígado, pâncreas, pulmão e rim) ou tecido (medula óssea, ossos e córneas) de uma pessoa com doença crônica irreversível por um órgão ou tecido saudável de um doador, que pode estar vivo ou falecido.
Uma pessoa viva pode doar um dos rins, parte do fígado, parte do pulmão ou ainda parte da medula óssea. Pela legislação, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Aqueles que não são parentes só podem fazer a doação com autorização judicial.
No caso de órgãos de pessoas falecidas, há dois os tipos de doadores. Um deles o falecido após morte cerebral, constatada segundo critérios definidos pela Resolução (2173/2017) do Conselho Federal de Medicina. Neste caso, a depender da idade, o paciente pode doar coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões.
Quem sofre parada cardiorrespiratória (coração para de bater) também pode ser doador. Neste caso, são doados córneas, vasos, pele, ossos e tendões. Em todas as situações, a morte precisa constatada pelo médico.