bandeiraA Academia de Letras da Bahia (A.L.B.) confirmou a presença do seu presidente, escritor Aramis Ribeiro Costa, na solenidade de instalação da Academia de Letras de Itabuna (Alita), às 19h30 do sábado (5), na FTC (Praça José Bastos, 55). A informação foi passada à imprensa pelo presidente da Alita, Marcos Bandeira (foto). “A presença do presidente da A.L.B. é uma inestimável forma de apoio a essa iniciativa dos itabunenses, mais ainda quando se trata de um intelectual do porte de Aramis Ribeiro Costa, reconhecido nacionalmente como poeta e prosador de alta qualidade”, destacou Marcos Bandeira.

Constituída nos moldes da Academia Brasileira de Letras (que, por sua vez, inspirou-se na Academia Francesa), a Alita possui quarenta cadeiras, cada uma delas tendo como patrono uma figura de relevo nas letras regionais, baianas ou nacionais. Entre os patronos da Alita estão prosadores e poetas da região, como Firmino Rocha, Abel Pereira, Manuel Lins, Helena Borborema, Telmo Padilha, Valdelice Soares Pinheiro, Mário Augusto Ferreira, Elvira Foeppel e Euclides Neto. O patrono geral da instituição é o escritor grapiúna Adonias Filho. Os primeiros quarenta titulares são pessoas de variada formação intelectual, a exemplo de Odilon Pinto, Margarida Fahel, Cyro de Mattos, Hélio Pólvora, Ceres Marylise, Sônia Maron, Ruy Póvoas e Tica Simões.

Ainda de acordo com o presidente Marcos Bandeira, a solenidade será aberta pelo escritor Aramis Ribeiro Costa (após ser saudado pelo acadêmico Antônio Lopes), em nome da A.L.B., dando posse ao presidente da Alita. Este apresentará a relação dos quarenta integrantes e dará posse, simbolicamente, a todos eles. O acadêmico Cyro de Mattos falará em nome dos participantes da entidade, prestando também uma homenagem ao escritor Marcos Santarrita, falecido no começo de outubro.  Ao acadêmico Ruy Póvoas caberá a homenagem ao patrono da Alita, o escritor Adonias Filho, e a acadêmica Ceres Marylise assinará o livro de protocolo, confirmando, também simbolicamente, a posse dos demais acadêmicos. O juramento será lido pela vice-presidenta da Alita, Sônia Carvalho Maron.

 

“Um desejo morto na calçada”

Aramis Ribeiro Costa (Salvador, 31 de janeiro de 1950) escreve desde muito jovem. Em 1964, ainda ginasiano, já fazia as primeiras tentativas, ao fundar e dirigir o jornal mural O Matutino. Logo em seguida, aos quinze anos, começou a publicar semanalmente fábulas, crônicas e contos no jornal A Tarde, colaboração que se estendeu por mais de dez anos. “Sou um escritor”, costuma dizer, afirmando que não é tanto por ter livros publicados, mas porque não consegue parar de escrever. “Ainda que eu me determinasse a isto, ainda que eu decidisse isto, não sei se eu conseguiria. Escrever é para mim uma necessidade, tanto quanto qualquer das minhas necessidades”, explicou.

Com mais de 15 livros publicados, Aramis Ribeiro Costa frequenta, com igual desenvoltura, a poesia, a prosa, a literatura infantil e o ensaio (é autor do estudo introdutório de Os Galos da Aurora, o “clássico” de Hélio Pólvora). Seus títulos mais conhecidos são, para crianças, A Caranguejinha de Ouro, O Morro do Caracará e Helena, Helena; em poesia, Quarto Escuro e Espelho Partido; na prosa (romance, novela e conto), os destaques são Uma Varanda para o Jardim, O Fogo dos Infernos, A Assinatura Perdida, Baú dos Inventados, Os Bandidos e Contos Reunidos.

Em “Soneto do Sol da Madrugada” (de Espelho Partido), um quarteto que, por si só, “paga” o livro. É um canto de impressionante beleza e aparente desespero: “Há cruzes espalhadas — tão sombrias!/ Há um desejo morto na calçada/ As esperanças passam, fugidias/ Parece que adiante não há nada”. Mas há. O poeta mostra que adiante está o recomeço, que a esperança não morreu, estava envolta nas trevas da noite velha, mas pronta para o renascimento. E surge “finalmente a luz na noite escura”, com “o sol brilhando em plena madrugada”, a nos mostrar “a vida, num segundo, iluminada”. É a ressurreição, outra vez a vida em ponto de partida, espantados os fantasmas da noite.