As eleições desse ano estão cada vez mais estranhas. Em um momento em que o Brasil espera algo de bom da cruzada que muitos acreditam ser em nome da moralidade na política, eis que os próprios inquisidores são pegos fazendo o que condenam. Pelo menos isso é o que se vê em diversas atitudes, desde os grandes líderes nacionais do golpe – aécios, jucás etc – até os coadjuvantes regionais, como o deputado estadual Augusto Castro (PSDB). O jornal A Região – que tem sido parceiro de Castro nos últimos meses – diz que o parlamentar baiano está derramando dinheiro na compra de pré-candidatos a vereador.
Segundo a publicação, o deputado, que é pré-candidato a prefeito de Itabuna, tenta com seus milhões tanto formatar uma chapa proporcional competitiva em seu partido – e que consiga ajudar na majoritária – quanto desestruturar os concorrentes. O PMDB seria um alvo, mas outros partidos também estariam sendo vítimas do bazar de Augusto Castro.
Mas, para além da simples compra e venda de candidatos, o que já seria condenável, um outro aspecto se sobressai, a partir da denúncia de A Região. Muitos dos comprados vem de partidos em que o próprio Castro tem grande interesse, como é o caso do PMDB. Todos lembram, há uma semana, o partido foi envolvido em um processo de desmonte de sua chapa majoritária, com a filiação do juiz aposentado Marcos Bandeira visando uma composição com o próprio Augusto Castro, numa articulação com o colega de Assembleia Pedro Tavares (PMDB).
Ou seja, repete o modo pelo qual sempre operou: destruir o que pretende conquistar. Que o digam os ex-prefeitos Capitão Azevedo e Fernando Gomes, que se queixam das investidas judiciais de Castro, com a intenção de torná-los inelegíveis para que sejam obrigados a hipotecar-lhe apoio em nome da "união das direitas".
É da sua natureza.