No Brasil, cerca de 12,5 milhões de pessoas sofrem com a diabetes. Em busca de diminuir este índice, estudantes do Curso Técnico em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano), localizado em Catu, iniciaram pesquisas para utilizar uma fruta típica do extremo sul baiano, o mangostão, para tratar a doença. Neste 8 de julho, dia em que se comemora o Dia da Ciência e do Pesquisador Científico, este trabalho estreia a nova série da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), intitulada “Bahia Faz Ciência”, que vai divulgar, semanalmente, assuntos relacionados ao cenário científico da Bahia.
A ideia de utilizar o fruto como alternativa para o tratamento da diabetes partiu de um credo popular de que a mesma é benéfica para diminuir o açúcar no organismo. Segundo o orientador do projeto, o professor Saulo Capim, foi em uma feira, na cidade de Ilhéus, que surgiu o interesse sobre o alimento. “Ao ver o mangostão pela primeira vez, a vendedora me informou que várias pessoas consomem a infusão da casca. Depois, descobri que nos países asiáticos, a população costuma utilizar o fruto para tratar várias doenças”, contou.
A investigação logo constatou que o mangostão possui alto valor de pectina, substância que ajuda a eliminar colesterol e açúcar do organismo. Mas a questão era, como transformar essa matéria prima em um alimento acessível e prático para consumo? A solução foi criar uma farinha a partir da casca do fruto. “Cerca de 80% do peso do mangostão está na casca, que geralmente é descartada. Ao ser reutilizado, o material pode ser considerado sustentável, uma vez que não será depositado no meio ambiente. Além disso, a farinha pode ajudar no tratamento de quem tem diabetes ou auxiliar, de forma preventiva, as pessoas que fazem parte do quadro de risco”, destacou.
O grupo de cientistas está em processo de patentear a produção da farinha, que até então era inédita. Um dos estudantes envolvidos com o projeto, Iago Lage, lembra que a alimentação de diabéticos é limitada, por isso o acréscimo da farinha de mangostão serve para diversificar a alimentação, visto que através dela é possível substituir a farinha de trigo na produção de bolos, biscoitos, pães, etc.
O trabalho dos jovens foi selecionado para um congresso internacional de ciências, que acontecerá em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Apesar do grupo ter contado com o auxílio da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), que realizou testes da farinha, a pesquisa sofre com o corte de verbas da União, e consequentemente não possui financiamento para arcar com os custos da viagem dos estudantes. Os interessados em ajudar podem contribuir através do link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/projeto-utilizacao-da-casca-mangostao-no-tratamento-da-diabetes.
Com início em abril de 2018, a pesquisa, que também possuiu apoio da professora Cassiane Oliveira, foi submetida a testes em camundongos na Uesc, em Ilhéus, pela professora Jane Lima. Após a aprovação desta etapa, a farinha será acrescentada na alimentação de pessoas diabéticas, a fim de melhorar a qualidade de vida da comunidade afetada pela doença.
Bahia Faz Ciência
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estreiam, nesta segunda-feira, dia 8 de julho, o Bahia Faz Ciência, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias serão divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estará disponível no site e redes sociais da Secretaria.