Bruno Barros da Silva, de 29 anos, e Ian Barros da Silva, de 19 anos, tio e sobrinho, foram encontrados mortos na última segunda-feira (26), após serem flagrados furtando carne na unidade de Amaralina, bairro de Salvador (BA), do Atakadão Atakarejo.

Em depoimento ao jornal O Comércio, familiares dos jovens, que são negros, teriam sido entregues ao tráfico pelos seguranças do supermercado.

“Ficamos sabendo que um gerente chamou os traficantes da área, que botaram os dois na mala de um carro. Se eles estavam roubando, tinham que chamar a polícia, e não fazer isso”, disse uma das familiares ao periódico baiano.

Os familiares relataram, ainda, que receberam ligações dos seguranças, que teriam pedido um resgate de R$ 10 mil para que Bruno e Ian não fossem entregues para traficantes da região.

Cerca de quatro horas depois, os jovens foram encontrados no bairro de Brotas, dentro do porta-malas de um carro na comunidade de Polêmica. Segundo a Polícia Civil, os corpos estavam com sinais de tortura e tiros.

“Por agir de acordo com a legislação vigente e atuar rigorosamente com as normas legais, o Atakadão Atakarejo está à disposição e colaborando com todas as informações necessárias para a investigação”, disse a empresa por meio de nota.

Fundada em 1994, a Atakarejo Distribuidor de Alimentos e Bebidas Ltda, cuja razão social é Atakadão Atakarejo, possui 23 lojas na Bahia. A última, inaugurada em fevereiro, em São Caetano, possuiu uma área construída de 10 mil metros quadrados. O proprietário da rede de supermercados é o empresário Teobaldo Luís da Costa, de 66 anos.

Fortuna

Em 2020, Teobaldo Costa tentou dar um salto comum ao empresariado brasileiro, migrar para a política. Foi candidato, pelo DEM, à prefeitura de Lauro de Freitas, município que fica na região metropolitana de Salvador. Na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou possuir R$ 341 milhões em patrimônio.

Entre os bens declarados, estão as cotas de capital do Atakadão Atakarejo e um empréstimo de R$ 107 milhões que o empresário fez à sua própria empresa, em agosto de 2008.

Além de outros R$ 157 milhões em cotas da empresa Damrak Empreendimentos e Participações Ltda. O vice na chapa era José Reis Santos Bulhões, conhecido como Mateus Reis, filho de Costa, que declarou possuir R$ 203 mil de patrimônio.

Com 34 mil votos, ou 34%, Costa perdeu ainda no primeiro turno para a petista Moema Gramacho, que teve 50 mil votos, 51%. Por antecipar a campanha eleitoral em 2020, o empresário responde a três processos na Justiça Eleitoral.

Entrando para a política, Teobaldo Costa parecia querer estabelecer uma relação próxima e de fidelidade com a vereança de Lauro de Freitas. O empresário, que disputou a prefeitura local, doou para 27 dos 106 candidatos a vereador do município, ou 27,5% dos concorrentes. A soma das doações é de R$ 48,8 mil.

O empresário doou em duas oportunidades para Mirela Macedo (PSD), deputada estadual da Bahia. Em 2012, quando foi eleita vereadora de Lauro de Freitas, a parlamentar recebeu R$ 100 mil do empresário. Em 2014, ficou na suplência de uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia e recebeu mais R$ 110 mil,

Em 2016, a campanha de Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) à reeleição para a Prefeitura de Salvador, que acabou vitoriosa, recebeu R$ 5 mil de Teobaldo Costa.