Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com
Maysa Cordeiro Macedo, de 18 anos, estudante, moradora de Ibicui, pequena cidade encravada entre o Sul e Sudoeste da Bahia, é mais uma vítima da violência.
Na madrugada do último sábado, Maysa levou um tiro de escopeta, quando viajava de carona numa moto.
Ao contrário do que é praxe nessa escalada de violência insana e sem limites, a jovem não foi morta durante uma tentativa de assalto, por um desses marginais para quem a vida não tem valor algum.
Maysa foi vítima de um misto de imprudência e despreparo, baleada mortalmente por um policial que, em tese, deveria justamente protege-la e proteger os demais cidadãos de bem.
Imprudência e despreparo, sim, posto que a morte de Maysa pode ser incluída no rol das evitáveis, não fosse a conjugação desses dois fatores.
O motorista da moto em que a jovem estava passou diante de uma blitz realizada pela polícia. Como estava sem habilitação e com os documentos do veículo em situação irregular, em vez de parar, decidiu seguir em frente.
Um dos policiais que atuavam na blitz, optou pela pior maneira de fazer o motoqueiro parar: atirou. Segundo ele, para acertar um dos pneus da moto.
Se acertou o pneu, isso é irrelevante, diante da tragédia que sucedeu.
Estilhaços do tiro de escopeta atingiram a estudante, que ainda foi socorrida com vida, mas faleceu antes de chegar ao Hospital de Base de Itabuna.
O policial agiu no melhor (ou pior) estilo "primeiro atira, depois pergunta", praxe que há muito deveria ter sido extinta da cartilha de procedimentos, mas que infelizmente não chega a ser uma exceção durante as abordagens.
Óbvio que vai se alegar que ocorreu uma lamentável fatalidade.
Óbvio também que o policial não teve a mais remota intenção de atingir Maysa.
Mas, ao agir com a imprudência com que agiu, amplificou as chances de que isso viesse a ocorrer, como de fato ocorreu.
Um pouco mais de cuidado com a capacitação e com o tipo de policial que se coloca nas ruas certamente irá contribuir para evitar que uma simples blitz se transforme numa tragédia pessoal e familiar.
Para Maysa, que pegou uma carona sem volta, será tarde demais.
Daniel Thame é jornalista e blogueiro