O que se esperava ser uma notícia bombástica com detalhes sobre a “quadrilha” que operava o dinheiro da Câmara de Vereadores de Itabuna foi um verdadeiro fiasco. Clóvis Loiola, feito presidente do Legislativo por Roberto de Souza para derrotar o candidato do prefeito Capitão Azevedo, Ruy Machado, deu demonstrações de que não estava preparado para o cargo.
A invenção dos vereadores de oposição mostrou ser um vereador de apenas um mandato, sem massa cinzenta suficiente para analisar, sequer, o dia seguinte, a próxima aliança, sustentar a denúncia que fora obrigado a fazer. Ao sair pelas emissoras de rádio concedendo entrevistas a “torto e a direito”, esbarrou no seu próprio despreparo.
Pensava ele que agia com o respaldo do cargo de presidente do Legislativo itabunense, a instituição que deveria ser de fato e de direito, a Casa do Povo, slogan utilizado em sua fachada. Mas Loiola nem chegou a pensar nessa possibilidade, e se tornou um estorvo para seus “criadores”, um suspeito para a população, um presidente com todas as suspeitas.
Loiola deu um passo maior para as pernas que possui, colocou o chapéu acima do que seu braço alcança. Resultado, os criadores de antes, os colegas vereadores, os criadores atuais, ocupantes do Centro Administrativo Firmino Alves lhe “cortaram as pernas, ou as asas”, deixando-o sem poder andar ou alçar vôos. Ficou sozinho, sem pai nem mãe, como diz o ditado.
Ao prometer uma entrevista esclarecedora ao Jornal Agora, supunha Loiola que seria tratado como uma pessoa confiável, uma fonte de respeito, daquelas em que o jornalista confia e somente conta seu nome em segredo de justiça. “Santo com os pés de barro”, Loiola não suportou uma só matéria ouvindo-se o contraditório. Junto com os criadores atuais, saiu às ruas em desespero com seus atuais “criadores” à caça dos jornais expostos nas bancas.
Todas as denúncias feitas por Loiola, por si ou a mando dos seus “criadores” não passavam de “balões de ensaio” do jogo político. Só que a estratégia não foi bem calculada e ruiu aos primeiros contra-ataques. Como uma marionete, ficou mudo à mudez do seu manipulador.
Como disse antes, Loiola age como político de um mandato só, mesmo que tenha chegado à Câmara com uma super-votação, resultado não de votos conscientes, de eleitores que vislumbraram nele um líder político, um representante à altura. Não, Loiola era apenas um “bom sujeito”, um cara que dormia na fila para conseguir uma autorização para consulta ou exame médico quaisquer.
Para isso também contava com a “mãozinha” de autoridades, sempre dispostos a “ficar bem” com um potencial vereador. Clóvis Loiola é o retrato em todas as cores do que não se deve fazer na política. O assistencialismo não tem consistência, nem chega perto de ser o chamado pragmatismo dos que possuem ou dizem possuir ideologia. “Sobra na primeira curva”, sem a menor possibilidade de correção de rumo.
É triste, para quem continua acreditando que ainda se faz política com seriedade, que essas práticas desonestas sejam praticadas sem qualquer cerimônia. Não tem ao menos o devido cuidado de varrer para debaixo do tapete a sujeira deixada anteriormente.
Se houve desmandos na Câmara, alguém praticou e não foi um só. Como toda instituição pública, várias pessoas são encarregadas das diferentes etapas do processo, desde a licitação até o pagamento. E em todos eles constam a assinatura do presidente Clóvis Loiola, do primeiro-secretário Roberto de Souza, do diretor-administrativo Alisson Cerqueira, do chefe de Recursos Humanos Kléber Ferreira.
Se existem mesmo os desmandos na Câmara de Itabuna, não é fruto de um solitário agente, mas de um grupo. Se nem todos cometeram o crime por ação, pelo menos por omissão terão que pagar pelos pecados cometidos. É a lei!
Walmir Rosário é advogado jornalista e editor do site www.ciadanoticia.com.br, onde esse artigo foi originalmente publicado