Esta quinta-feira (15) é o Dia da Gestante. A Maternidade Regional de Camaçari (MRC) e o Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, ambos da rede própria da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), pertencentes ao Governo do Estado e administrados pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS), destacam a data. Uma gestação é cercada de inseguranças e expectativas. “É uma cobrança que envolve questões sociais. A gestão é, por vezes, romantizada, com a ideia de que vai ser um conto de fadas, de que vai ser tudo perfeito e não é assim”, explica a psicóloga Maria Quintino. De acordo com a profissional, a mulher passa por uma transformação física e social e isso tudo impacta no emocional. E diante de todo esse processo de transformação tem ainda a questão do “será que eu vou dar conta?”, como vai ser sair do papel de ser mulher e desenvolver o papel da maternidade?

Maria Quintino integra a equipe de psicologia do Hospital Materno-Infantil. A unidade já tem implantado o serviço do Pré-Natal Psicológico, que funciona às quartas-feiras, no ambulatório do hospital. A mãe de alto risco é encaminhada pelas unidades de saúde. As que têm o perfil e desejam passar pelo acompanhamento psicológico têm atendimento clínico, de terapia, onde podem falar de coisas que elas passam pela vida toda. “Todas trazem, diante deste discurso, a mesma coisa: será que vou dar conta? Será que vou conseguir? Isso acontece até com mães da terceira ou quarta gestação”, assegura a profissional.

Acolhimento e humanização

Por isso, o acolhimento é fundamental. “Mesmo sendo uma gestação de risco, essa gravidez foi muito desejada. E se não fosse o cuidado da maternidade acho que eu não teria condições de ter meu filho”, afirma a gestante Dislene Cerqueira, acompanhada na Maternidade Regional de Camaçari. “Senti que fui acolhida. Me surpreendi com as falas. É um hospital que está preparado para me receber da maneira que eu gostaria, com acolhimento, com inclusão, com boas perspectivas de parto. A gente está em boas mãos”, referendou Raissa Rocha de Lemos, na 17ª semana de gestação, que visitou o Materno-Infantil de Ilhéus esta semana.

“É importante a rede de apoio familiar e da equipe de saúde”, reforça Quintino. Na 34ª semana de gestação, Joseane Santana participou da visita-guiada do HMIJS, que acontece às tardes de terça-feira para que as gestantes e acompanhantes conheçam a equipe e os ambientes onde poderá ocorrer o parto. “Aqui sei que serei respeitada nas minhas fases e nas minhas decisões. Às vezes você busca uma unidade e você percebe que não tem esse olhar de humanização. Isso distancia”, afirma. “São muitas dúvidas, são medos, ansiedades, angústias e que, aqui, eu consegui sanar. Pude perceber que vou ser apoiada, você não vai ficar à deriva. Creio que estou me sentindo mais segura: essa é a palavra”, completa. Ansiosa, a paciente Érica Moreira, da MRC, afirma que tem passado por momentos difíceis na gestação. “Mas meu pré-natal tem sido de excelência. E hoje, além de ser o Dia da Gestante, também é o meu aniversário”, comemora duplamente.

Serviços

Inaugurado em dezembro de 2021, o Hospital Materno-Infantil já realizou mais de 8 mil partos. Deste total, 300 foram de gestantes indígenas. O Materno é a única unidade na Bahia habilitada pelo Ministério da Saúde para atendimento especializado aos Povos Originários. Já realizou mais de 10 mil internações obstétricas e é referência para todo o sul da Bahia. Possui o serviço de atenção às mulheres e crianças em situação de violência sexual. É a única maternidade 100 por cento SUS da região.

Já a Maternidade Regional de Camaçari é referência para o parto de risco habitual e alto risco de gestantes residentes no município de Camaçari e referência para atendimento ao alto risco (pré-natal, parto e nascimento) às mulheres e crianças residentes em Conde, Dias D’ávila, Mata de São João, Pojuca e Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Desde a sua inauguração em outubro de 2022 já acolheu 25.748 mulheres de Camaçari e região pela porta da urgência e realizou 7.770 partos, sendo 1.592 de alto risco. Em Camaçari também estão implantados os serviços de atenção às mulheres e crianças em situação de violência sexual e o ambulatório de luto perinatal.