mãe e filhaO caso de desaparecimento de um bebê na maternidade do Hospital Manoel Novaes está intrigando autoridades em Itabuna, e já passou a ser investigado pela Polícia Civil.

Uma recém-nascida, que quase não sobreviveu ao parto – a mãe não sabia da gravidez e quase expeliu o feto quando urinava -, acabou sumindo misteriosamente do principal hospital infantil de Itabuna, dois dias após o nascimento prematuro em Ipiaú.

Entenda o caso

Fabrícia Pires Santos, de 22 anos, moradora do conjunto residencial ACM, caminho 4, bairro Antônio Carlos Magalhães, em Ipiaú, sentiu fortes dores na terça-feira (27), e procurou atendimento no Hospital Geral de Ipiaú. Enquanto esperava, foi urinar, quando percebeu algo saindo de sua vagina. Chamou as enfermeiras e descobriu, somente ali, que estava grávida e que as dores eram resultado do trabalho de parto.

Nasceu assim o bebê, uma menininha de cinco meses. Prematura, teria que receber cuidados especiais mas, devido à falta de estrutura do HGI, acabou sendo transferido para o Hospital Manoel Novaes. Veio em uma ambulância do município, acompanhada por um enfermeiro. A mãe ficou internada para fazer uma curetagem, no hospital de Ipiaú.

O profissional que acompanhou o bebê até Itabuna teria deixado com o setor de Assistência Social os contatos da mãe e do hospital de Ipiaú, para que fosse informada qualquer novidade. O bebê deveria ficar internado por quatro meses, até que completasse o período de nove meses e estivesse fora de perigo.

Mistério

Mas, passado um dia, ninguém deu notícias do estado de saúde da menina. O hospital, diz a mãe Fabrícia Pires, exigiu que a criança fosse registrada, o que foi feito em Ipiaú, na quarta-feira (28). Devido a essa falta de notícias, a avó do bebê, Valdelice de Jesus Pires, veio a Itabuna, acompanhada de uma amiga da família, para saber notícias de Larissa Pires Quirino dos Santos, nome que foi dado à pequena cidadã.

Aí, o caso ganha novos contornos dramáticos. Ao tentar notícias de Larissa, a avó, Valdelice Pires, soube por meio de uma pessoa que se identificou como "enfermeira-chefe", que a criança não estava sendo encontrada. Ao fazer uma busca pelo hospital, segundo contou à polícia, a mulher voltou com a versão de que o bebê teria morrido, e como a família estava longe, as freiras teriam enterrado o bebê, para que não se decompusesse. Porém, nenhum atestado de óbito foi apresentado à família.

A senhora Valdelice, por estar nervosa e aparentar ser menos esclarecida que a amiga da família que a acompanhava, teria sido o alvo preferido da "enfermeira-chefe". A amiga, que não quer ser identificada, contou à reportagem do Trombone que a enfermeira tentava o tempo todo falar com a avó da criança a sós, tentando fazer um acordo a portas fechadas. Além disso, sugeriu que lhe aplicassem um sedativo, alegando que dona Valdelice estava muito nervosa. Para isso, chamou seguranças do hospital para imobilizá-la. Após o ocorrido, a avó e a amiga da família foram embora do estabelecimento e resolveram denunciar tudo.

Investigação

A delegada Sione Porto, titular da 1ª Delegacia Circunscricional, investiga o caso. Na manhã de hoje foram ouvidas mãe e filha. Informações dão conta de que a Santa Casa, mantenedora do Hospital Manoel Novaes, vai emitir uma nota oficial para explicar o caso, e não estaria disposta a falar diretamente com a imprensa.

Na foto, a avó da recém-nascida, Valdelice de Jesus Pires (esq.) e a mãe Fabrícia Pires Santos.