Desde a manhã de quarta-feira (15) está disponível no site da Amazon mais um livro de autoria de Walmir Rosário: “O Berimbau, Valhacouto de Boêmios – como a Confraria d’O Berimbau criou e manteve por anos o Troféu Galeota de Ouro”. Inicialmente, o livro foi editado no formato e-Book e pode ser consultado pelos leitores e apreciadores deste tipo de obra por meio do link https://bit.ly/47fFSAi no site da Amazon.

No entender do Autor, pelo mundo afora pode se verificar, in loco, ou simplesmente por ouvir dizer, que cada um dos botecos tem sua especificidade. É como se fosse um DNA, com as diferenças um do outro, o que agrega tipos diferentes de frequentadores. Com isso não quero dizer que um boêmio não possa frequentar vários botecos, pois pode se identificar com os colegas de mesa e copo de vários deles.

Mas o que Walmir Rosário quer dizer é que O Berimbau, em Canavieiras, é diferente, melhor dizendo, sui generis, por arrebanhar uma “fauna” bastante parecida nos hábitos da boemia, apreciadores dos mesmos gostos, sabores e comportamentos. Muitos que chegaram depois se ajustaram e passaram a ser mais um deles, sem tirar nem pôr, como diz o ditado popular.

Mais que um simples boteco, essa plêiade de boêmios fundaram uma confraria com o pomposo nome de Confraria d’O Berimbau. Como todo o boteco que se preza, o Berimbau sempre foi marcado por sua simplicidade, do jeitão de Neném de Argemiro, o líder de um poderoso e heterogêneo grupo, que se igualavam assim que adentravam o ambiente. Não sei se pelo nível do bate-papo, das cachaças com folhas, dos tira-gostos. O livro tem a apresentação de Raimundo Tedesco, um dos fundadores da Confraria d’O Berimbau e do Troféu Galeota de Ouro.

Em cada mudança de sede, os frequentadores seguiam fielmente Neném de Argemiro, e não era apenas pelo som do trompete tocado por Neném. Também eram marca da confraria o sino, com diferentes toques para recepcionar os recém-chegados: longo e intermitente para os mais chegados; mais ou menos para os toleráveis; e um toque breve, este como um aviso que não era da turma.

Outra marca de O Berimbau, que se perpetuou foi o(a) mal(a)assado(a), servido aos confrades aos primeiros sábados de cada mês. Os sábados seguintes eram destinados à gastronomia de sustança, levadas pelos confrades. Mocofato, viúvas de ovinos e caprinos, rabada bovina, sobe-e-desce, galináceos nas mais diversas feituras e até churrascos assados na hora pelos próprios confrades.

Todos os pratos eram antecedidos de tira-gostos dos mais exóticos, como marias-moles, pipocas doces e salgadas e coisas do gênero, levadas por Tyrone Perrucho, um dos fundadores da Confraria d’O Berimbau e do Troféu Galeota de Ouro, junto com os confrades Messias, Turrão, Tolé, Tedesco, Juca Seara, Zé do Gás, e tantos outros, incluindo, aí, Neném de Argemiro.

E a criação do Troféu Galeota de Ouro se deu principalmente por dois motivos: O primeiro, exclusivamente festivo, no qual sobressaíssem atos de euforia, causados pelo excesso de bebidas, desregramento e libertinagem; o segundo, para continuar ao lado de Neném de Argemiro, dono do boteco e personagem inspirador. O evento era realizado no primeiro domingo de dezembro, abrindo o verão canavieirense.

Com o passar dos anos, o Troféu Galeota de Ouro foi acabado pelos confrades, após rusgas entre alguns derivadas da política partidária. Se o evento foi extinto, a confraria continuou mais forte que nunca. Tempos depois, Neném de Argemiro resolve dar adeus aos confrades e se muda para o oriente eterno, decretando, também, a morte da Confraria d’O Berimbau.

Anos se passaram até que Tyrone Perrucho consegue convencer Zé do Gás, genro de Neném de Argemiro e fundador da confraria, para que promovesse a ressurreição d’O Berimbau e a famosa Confraria. E em 13 de dezembro de 2014 eis que O Berimbau abre sua porta aos confrades ainda nesta terra, a outros que desprezaram o hábito da bebida e a novos iniciados.

Seis anos se passaram com a realização das assembleias de sábado da Confraria d’O Berimbau, com comes e bebes regando os animados bate-papo dos confrades, como nos velhos tempos. Mas como diz a sabedoria popular que tudo que é bom dura pouco, chega entre nós a pandemia da Covid-19 e muda os hábitos da população, incluída, aí, os confrades, que até hoje se encontram sem um abrigo da qualidade d’O Berimbau.

O Autor sugere que passem os olhos nas crônicas sobre os usos e costumes dos membros da Confraria d’O Berimbau, pois, quem, sabe, você poderá se identificar como um deles. Confira na leitura se o seu DNA não é o mesmo desses boêmios que tiveram O Berimbau como valhacouto.

Além de “O Berimbau, Valhacouto de Boêmios”, a Amazon disponibiliza outros livros de Walmir Rosário no formato eBook, a exemplo de “Os grandes craques que vi jogar”; “Crônicas de Boteco”; e “Como Sobreviver à Pandemia”.