Por Lisdeili Nobre
Os diversos municípios brasileiros foram construídos ao longo de anos, com duas cidades: a cidade legal ou real, isto é, onde há atuação da administração pública. São locais onde corre a economia e circula a riqueza, são regulamentados e por vezes até fiscalizados, onde vivem quem pode conviver com o mercado imobiliário restrito e especulativo.
E a segunda cidade: as zonas periféricas ou chamadas não cidades, as quais por reiteradas administrações não consideram seus locais e seus moradores, como dignos de serem eleitos por suas agendas públicas. Assim continuam por anos e anos, sofrendo as mesmas mazelas, devida ausência e/ou ineficiência de escassos instrumentos públicos, reproduzindo um modelo típico no Brasil de modernização incompleta e excludente socialmente.
Este velho e revitalizado descompasso nas administrações municipais, leva o crescimento da economia ilegal, aumento dos índices de violência, aprofunda a desigualdade social e estereotipa e marginaliza os filhos de sua cidade (considerada esta como um todo).
Duas cidades: os que vivem da administração e os que vivem da MORRINHA da escassez.
Lisdeili Nobre é Doutorando em Políticas Públicas, Professora de Direito e Delegada de Polícia