Josias Gomes
Há um sentimento da população brasileira, com relação ao PT, que a mais recente pesquisa DataFolha conseguiu captar com precisão: em todas as faixas de renda da sociedade o partido é o preferido. Mas, é na nova classe média, que ascendeu a essa condição durante os oito anos do governo Lula, onde esse sentimento é ainda mais forte. Justamente a classe que o ex-presidente FHC pretende que os seus colegas tucanos busquem melhorar a imagem. Convenhamos, uma tarefa bastante difícil, como mostram os dados da Folha.
A ascensão de amplas faixas da pobreza à classe média não se deu por acaso, e o brasileiro sabe muito bem disso. Ela aconteceu por conta, principalmente, de dois fatores: o estancamento da corrida neoliberal escancarada do governo do PSDB, que privatizou empresas nacionais a três por quatro, no país; e, também, pelas políticas de distribuição de renda amplamente praticadas pelo governo Lula (mesmo sob ataques furibundos de tucanos e demistas), que garantiu poder de compra a faixas da população antes mergulhadas na pobreza.
Definitivamente, essas políticas significaram uma ruptura clara, e correta, com todo o passado da política brasileira, seja em determinação seja em alcance. Empresas como a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o BNB, entre outras, melhoraram a gestão, cresceram em importância, e, continuaram aplicando os seus lucros no desenvolvimento do país e de sua gente, o que é mais importante. Quem entre os tucanos e demistas consegue mais esconder o desejo que tinham em privatizar essas empresas, e que continuam tendo?
Ao mesmo tempo, o governo do PT ampliou as políticas de redistribuição de renda beneficiando os mais pobres, e, justamente, promovendo essas faixas da população à classe média. Quem dentre os tucanos e os demistas há de negar as tremendas críticas que, durante os oito anos de Lula, desfecharam contra essa ampliação e esse alcance das políticas de redistribuição de renda, timidamente ensaiadas, e devidamente contidas (algo, assim, para inglês ver!), no governo FHC? Foi a ascensão dos pobres que garantiu o desenvolvimento do país e a superação de uma grave crise internacional que passou pelo Brasil não como uma tsunami, como queriam os adversários do governo petista, mas, como uma marolinha, como previu acertadamente o presidente Lula.
Não adiantam as lamentações tucanas e demistas, nem as referências a uma suposta continuidade do governo Lula, com relação ao governo FHC: desde 2003, com a ascensão do PT e seus aliados, houve uma ruptura clara e insofismável com a política econômica interna anterior, o que garantiu a melhoria de vida a parcelas as mais amplas da população brasileira. E é esse povo, pretendido pelo ex-FHC, que, dotado de perfeita memória, e evidente gratidão, revela sua preferência pelo PT, segundo os dados do DataFolha. O que nos dá a certeza de que essas políticas tereão continuidade, por tão evidente apoio popular, até que o Brasil supere, definitivamente, as péssimas condições de desenvolvimento que herdamos de séculos de dominação de uma política uniformemente dedicada ao bem estar das elites.
Josias Gomes é deputado federal (PT-BA)