Walmir Rosário | [email protected]
O prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo causa enormes prejuízos à imagem da cidade, ao se posicionar ora apoiando o candidato à presidência da Câmara, Ruy Machado, de outra a Clóvis Loiola. Além de achincalhar o poder legislativo, o prefeito cria uma competição canibalista entre seus secretários, que passam a apoiar candidatos diferentes para a Presidência da Câmara.
Essa prática, aliás, não é coisa nova e foi vista largamente durante a última campanha política, quando apoiou, ou mandou apoiar, dezenas de candidatos a deputado (federal e estadual). Resultado, não proporcionou uma votação expressiva a nenhum deles, se nivelando por baixo como um cabo eleitoral sem qualquer expressão.
Na própria prefeitura as opiniões eram muito divergentes – tanto na campanha política de 3 de outubro como para o legislativo. Tanto naquela época como agora, o único secretário que demonstrou maturidade política foi o da Administração, Gilson Nascimento. Deu a maior votação – entre os secretários – ao seu candidato, nesse caso ao deputado federal Luiz Argôlo, enquanto os outros foram considerados inexpressivos.
Pois bem, a história se repetiu agora para a eleição da mesa diretora da Câmara. Desde o início de negociações de posições para a chapa o preferido de Gilson sempre foi o vereador Milton Cerqueira, porém o secretário costurou acordos, recuando quando necessário, galvanizando apoios na oposição, enfim, formando a chapa vitoriosa sob a liderança de Ruy Machado.
Gilson e Ruy souberam manter os vereadores fora do círculo de influência e pressão, deslocando-os para o litoral sul de Ilhéus, na Pousada Malibu, saindo quando necessário para fazer contatos políticos, saber do andamento das estratégias oposicionistas. E deu certo.
Enquanto isso, Azevedo resolveu voltar atrás, deixando de apoiar a chapa de Ruy Machado para lançar a candidatura de Milton Gramacho, cujas condições eram precárias, haja vista não gozar da confiança dos colegas vereadores, o que por si só já nasceu inviabilizada.
Com a teimosia de Azevedo, renasceu a esperança de Loiola, que por sua vez se apegou a Roberto de Souza, ambos contrários à candidatura de Ruy Machado. Apesar do assédio, os vereadores antes aliados da atual mesa diretora resistiram às pressões, consolidando a vitória da chapa liderada pelo principal adversário da atual mesa diretora.
E todo esse imbróglio político foi pensado (quanta pobreza) no gabinete do prefeito, sob a batuta da secretária de Azevedo, Joelma Reis, sem levar em consideração aspectos intrínsecos do legislativo. A tônica seria colocar na presidência um segundo Loiola, ou seja, alguém que pudesse ser manobrado pelo gabinete do prefeito.
E o escolhido foi o vereador Milton Gramacho, atual líder da situação (do executivo), que passou a negociar os altos cargos da Câmara (R$ 4.900,00, cada), para a indicação de Joelma e outros apaniguados do prefeito. Essa foi a única avaliação realizada pela “turminha” do núcleo duro do poder executivo: quanto vai render para cada um. Itabuna que se exploda!
Eles só não contavam com as ações do secretário Gilson Nascimento, por sinal “salvadoras da pátria”, ou traduzindo para o bom português, responsável pela eleição de uma mesa diretora “puro sangue” (todos da base de sustentação do executivo). Mesmo assim, chegou a ser desautorizado pelo prefeito, se rebelou e manteve, junto com os vereadores, a união do grupo.
Por falta de capacidade de raciocínio político, o prefeito Capitão Azevedo e a turminha que lhe cerca não vislumbram o futuro. Ignoram o relacionamento e as facilidade de lidar com o legislativo, com a finalidade de agilizar processos, queimar etapas, colocar projetos em pauta e apreciá-los rapidamente. Claro que dentro da lei orgânica e o regimento interno da Casa.
Agora, Azevedo vai ter que negociar exaustivamente cada projeto com o presidente da Câmara, Ruy Machado, político bem articulado e com projetos factíveis para mudar a imagem do Legislativo, a começar pela construção de uma nova sede. A firmeza com que Ruy assume posições é bem diferente da dubiedade e subserviência de Clóvis Loiola, uma marionete nas mãos de Roberto de Souza e do prefeito Azevedo.
“Vão-se os anéis, mas ficam os dedos”. Para bom entendedor, essa é a única “tábua de salvação” a que deve se agarrar o prefeito Azevedo daqui pra frente quando o assunto for o relacionamento com o legislativo. Perderam a batalha dos cargos e subserviência, mas a guerra continua e ainda resta a humildade de reconhecer que “daqui pra frente tudo vai ser diferente”, como na canção de Roberto Carlos, e mudar hábitos e costumes.
É a lei da sobrevivência.
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do www.ciadanoticia.com.br