Se o prefeito de São Paulo soubesse ler os sinais da democracia e fosse menos arrogante, veria um caráter pedagógico nas ovadas que levou em Salvador.
Uma obviedade: sua marquetolagem não viaja bem para fora de São Paulo.
Mas João Doria não tem jeito.
Na noite da segunda (7), em Salvador, ele foi receber o título de cidadão soteropolitano, uma picaretagem inventada por seu clone baiano ACM Neto (o que Doria fez para merecer essa comenda?).
Quando eles se encaminhavam para a Câmara de Vereadores, localizada no centro histórico da capital, veio o ataque.
Os seguranças da prefeitura estavam armados com guarda chuvas, mas de nada adiantou.
Um ovo explodiu no cocoruto gomalinado do tucano, numa cena que o acompanhará para todo o sempre.
Doria respondeu com uma versão vagabunda do atentado da bolinha de papel de Serra.
Mais uma vez, culpou seus espantalhos favoritos. Declarou que foi um ato de “intolerância do PT e dos partidos de esquerda”.
“Não é esse o caminho que desejamos para o Brasil. Esse é o caminho do Lula, o caminho do PT, das esquerdas que querem isso. A intransigência, a agressividade e a tentativa de amedrontar. A mim não intimida”, disse, em mais um de seus vídeos.
“Vão lá defender o Maduro e jogar ovo lá na Venezuela”, acrescentou, responsabilizando indiretamente o governador petista Rui Costa: “Nós sabemos a serviço de quem eles estão”.
Não, Doria.
Foi uma entidade que costuma aparecer no Brasil em certos momentos.
A mesma entidade que enxovalhou à base de gemas e claras os convidados do casamento de Maria Victoria, a filha do ministro Ricardo Barros, em Curitiba: o povo.