Por Walmir Rosário

Neste sábado (23) os tradicionais frequentadores do Beco do Fuxico, em Itabuna, deram o ar da graça para comemorar uma data superimportante: os 60 anos bem bebidos do ABC da Noite. Antes que tentem me corrigir, vou logo avisando que a data correta do niver, como querem nossos colunistas sociais, é 28 de julho, data em que também comemoramos o dia da cidade de Itabuna.

A festa por antecipação não teve nenhuma interferência do ex-prefeito Fernando Gomes, criador do carnaval antecipado, e sim comemorar a data num sábado, dia em que os alunos do Caboclo Alencar mais assistem as aulas etílicas. Por atacado, todos aproveitaram para matar a saudade de Alencar Pereira da Silveira – o “Caboco”, que goza de perfeita saúde e continua em plena atividade aos 91 anos bem vividos.

No início da semana recebi – via whatsapp – um convite do colega radialista Gílson Alves para participar da efeméride, declinando da possibilidade de comparecer ao evento, nomeando-o, com Cláudio da Luz, meus mais legítimos representantes. Pelas fotos e vídeos disponíveis na internet, tive a possibilidade de rever “alunos” notáveis do ABC da Noite, a exemplo do advogado Gabriel Nunes, ajudando no balcão.

O aluno Cláudio da Luz disputando uma selfie com o Caboclo Alencar

Pois é, os tempos são outros e depois da comemoração dos 60 anos, o ABC da Noite volta a trancar suas portas por data indeterminada, até que os perigosos vírus desapareçam por completo do Beco do Fuxico. Em que pese a fortaleza do Caboclo Alencar do alto dos seus 91 anos, por motivos de segurança nacional, faz sentido mantê-lo longe do perigo de uma infecção, por motivos óbvios.

Mas não pensem os senhores clientes do ABC da Noite que o Caboclo Alencar – madeira de dar em doido – como diz o advogado e dos primeiros frequentadores, Pedro Carlos Nunes de Almeida (Pepê), se recolheu em casa. Nada disso, é visto cortando as ruas de Itabuna de norte ao sul e de leste a oeste, muitas vezes caminhando, fazendo compras de insumos para fabricar as poderosas batidas.

Isso mesmo! Meu amigo Antônio Augusto Careca nunca ficou um só dia sem se servir das famosas batidas de cachaça ou vodca com pitanga, maracujá, limão, gengibre e outras frutas da estação. Previdente, guarda um estoque de pelo menos 10 litros na geladeira, para o seu consumo ou dos convidados. Dia desses eu mesmo fui agraciado com um litro da mais legítima batida de pitanga, trazido por ele e entregue aqui em Canavieiras.

Não seria justo que o Caboclo Alencar abandonasse sua clientela, deixando-a ao Deus dará, por causa de uma pandemia vinda lá da China ou lugar que a valha. Pelo contrário, manteve a linha de produção em funcionamento, agora dentro de sua residência, vendendo-as “em grosso” – ou por atacado, como queiram – entregues na porta de sua residência. Isso sim que é respeito ao cliente.

Neste sábado que agora se passou, aproveitei para rever, virtualmente, amigos de tantos anos da escolinha do ABC da Noite, muitos repetentes históricos, outros já diplomados e até os que requereram matrícula. Pedirei a Roberta Oliveira – que prestou adjutório ao Caboclo Alencar e dona Neuza – a relação dos alunos, para questionar os faltosos, como Daniel Thame, que não deu o ar da graça nas fotos e vídeos que vi.

A abertura – mesmo por um dia e fora do horário – do ABC da Noite foi uma benção para os veículos de imprensa recontarem no dia da cidade – 28 de julho – a história do Beco do Fuxico, com todos os pormenores. E não é pra menos! Mesmo sem recorrer ao último recenseamento do IBGE, acredito que estamos nos referindo ao estabelecimento etílico mais antigo de Itabuna e nas mãos de um único comando.

E não é à toa que o Caboclo Alencar pilota o ABC da Noite há 60 anos com a mesma verve e satisfação, desde que o cliente não cuspa no chão (desculpe a rima), ou cometa outro desatino impróprio ao recinto. Atesto sua humildade ao abdicar do posto de Rei do Beco do Fuxico, por ocasião da primeira Lavagem do Beco, honraria cedida ao cliente Cambão, que também atende por José Emanuel de Aquino.

E foi a partir da ideia do engenheiro soteropolitano Roberto Carlos Godygrover Bezerra (Malaca), Aberlado Brandão Moreira (Bel), dentre outros, em realizar a Lavagem do Beco do Fuxico, que o Beco passou a se dar ao luxo de abrir o Carnaval de Itabuna. Neste sábado também senti a falta do Bloco Casados I…Responsáveis e do Maria Rosa, para completarmos a homenagem aos 60 anos ABC da Noite.

Daqui do bar Mac Vita, em Canavieiras, onde estávamos, a Confraria d’O Berimbau e o Clube dos Rolas Cansadas aprovaram uma Moção de Aplauso para o ABC da Noite e ao seu piloto Caboclo Alencar, já que ausentes nada mais poderíamos fazer. Portanto, vida longa ao ABC da Noite e Caboclo Alencar, para que não nunca faltem as preciosas batidas e a união dos seus clientes.

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Walmir Rosário é radialista e advogado