Rosivaldo Pinheiro
Os novos vetores de desenvolvimento têm por finalidade possibilitar que a Região Sul da Bahia tenha perspectivas econômicas que permitam vencer as dificuldades impostas por um modelo centrado na "produção de cacau" e no "turismo sazonal".
O primeiro, extremamente vulnerável ao comportamento imposto pela indústria chocolateira mundial e, o segundo, concebido sob a lógica do "trade turístico mundial", incapaz, portanto, de gerar riqueza em escala suficiente para possibilitar a inserção das cidades circunvizinhas neste ambiente econômico.
Por certo, o cacau possibilitou a esta região um rico legado histórico-cultural e inúmeros benefícios econômicos e ambientais, mas, como toda monocultura (aqui estritamente dentro do conceito econômico) tem a sua fase cíclica, podendo a qualquer momento ser atingido por pragas e problemas ligados a fatores climáticos.
No nosso caso, além de convivermos extremamente expostos e vulneráveis aos preços impostos em escala mundial pela lógica da indústria do chocolate, ainda fomos afetados pela vassoura-de-bruxa. Praga que a partir da metade da década de 80 mergulhou esta região num grande abismo econômico.
A crise do cacau ainda teve como agravante a falta de proteção do Estado, que diante do quadro não estabeleceu uma política de defesa da cacauicultura, uma vez que o pensamento econômico central (União) e local (Estado) tinha como premissas o afastamento do Estado como investidor e a "soberania do mercado".
Os novos incrementos não anulam a importância do cacau, nem derruba o debate em torno do mesmo, pelo contrário, cria novas possibilidades de explorá-lo, inclusive abrindo perspectivas para sua industrialização.
No aspecto turístico, garante ao "trade local" melhorar o modelo vigente, criar novos produtos e destinos, propiciados pelo aumento do fluxo de turistas em função da melhoria dos setores de transportes (Porto e Aeroporto).
Os novos vetores de desenvolvimento permitem que a nossa economia avance para além das perspectivas do fruto dourado, bem como, cria perspectivas para alterarmos o modelo de exploração, cujo conceito obedece aos caprichos dos agentes turísticos externos.
Coloca-nos diante de um novo "paradigma econômico" que, por certo, terá desdobramentos na mudança estrutural das cidades, na forma de pensar o desenvolvimento da região.
O novo pensamento regional terá que contextualizar e sistematizar a "região metropolitana do cacau", rompendo com a matriz anterior baseada na ótica das cidades-pólos – Itabuna e Ilhéus.
As ações propiciadas por esse novo momento econômico terão que possibilitar a incorporação das cidades vizinhas, alocando equipamentos que permitam que os benefícios propiciados pelos "novos vetores" possam ser socializados nessa espacialidade.
Não podemos negligenciar esta condição de ordenar o novo ciclo de desenvolvimento centrado na ótica de "região metropolitana do cacau", sob pena de produzirmos fluxos migratórios de pessoas das cidades circunvizinhas para o eixo Ilhéus-Itabuna, antecipando o processo de "conurbação" dessas cidades.
Os impactos e as alterações da estrutura social e de organização destas cidades representarão um desafio "hercúleo" para as administrações que, de imediato, terão que refazer seus "Planos Diretores".
Os governos Estadual e Federal terão que ajudar na implantação regional de um conjunto de ações complementares para podermos adentrar neste novo ciclo, de forma estruturada e organizada, rompendo, consequentemente, com as mazelas que até aqui nos aprisionavam.
Rosivaldo Pinheiro é economista e pós-graduado em Gestão de Cidades