A transferência de tecnologia, um real ganho do povo brasileiro, é o que está norteando o projeto de cooperação entre a Ceplac e a Nestlé, debatido na segunda-feira, 19, na sede da Ceplac no Estado da Bahia. Participam do projeto, ainda, a Secretaria da Agricultura da Bahia e o Instituto Biofábrica de Cacau.
O projeto de sustentabilidade, que deve ser assinado em fevereiro de 2012, reuniu o gerente do Departamento Agrícola da Nestlé, Terence Spencer Blaines, o gerente da Nestlé Itabuna, Luis Pereira da Silva Junior; e o representante da Seagri Antonio Almeida Junior, que foram recebidos pelo superintendente da Ceplac Juvenal Maynart Cunha.
O projeto prevê implantação de até cinco mil hectares de sistemas agroflorestais (cacau e seringueira), com foco na agricultura familiar; recuperação de 300 hectares de cacau para demonstrar a sustentabilidade do cacau-cabruca; outros 300 hectares de cacau irrigado no Extremo-Sul baiano ou regiões de expansão; custeio de insumos dos experimentos e transferência de protocolo científico à Ceplac pela empresa mundial de chocolate.
Juvenal Maynart afirma que, com a assinatura do protocotolo, a Ceplac dá sinais à lavoura cacaueira de que mudará seu conceito de atuação institucional. “Temos que valorizar o sistema cacau-cabruca, recuperar áreas degradadas e recompor a lavoura sob a ótica do novo Código Florestal, mas com o produtor tendo condições de manter a reserva legal e averbá-la. Para isso, é preciso que tenha acesso ao crédito facilitado no que vamos continuar trabalhando junto às autoridades governamentais e aos bancos, com visão economicista para a recuperação do poder de compra do produtor de cacau”
Participaram da reunião o chefe do Centro de Pesquisas do Cacau da Ceplac (Cepec), Adonias de Castro Virgens Filho, e pesquisadores Uilson Lopes e Antonio Zugaib; o coordenador-adjunto do Centro de Extensão da Ceplac (Cenex), Milton Conceição, e os técnicos Geraldo Dantas Landim e João Manuel de Afonso e Henrique de Almeida, do Instituto Biofábrica de Cacau.
O projeto
Pelo projeto, caberá à Ceplac, órgão da administração direta do Ministério da Agricultura, a coordenação e formulação de documento de cooperação dentro do conceito da conservação produtiva. À Nestlé, enquanto empresa mundial comprometida com a sustentabilidade, compete a transferência da tecnologia de embriogênese somática para produção em laboratório de mudas resistentes à doenças em processo simplificado, além de dar suporte ao melhoramento genético com vistas à resistência do cacaueiro à vassoura-de-bruxa e a monília, cujo fungo se constitui em ameaça à cacauicultura nacional.
A segunda maior processadora de cacau e chocolate do mundo também se comprometeu em liberar protocolos científicos que, adicionados ao material genético de qualidade que a Ceplac possui, permita a produção em larga escala de materiais que sejam utilizados pelos produtores de cacau.
A Nestlé desenvolve projetos de pesquisa na Costa do Marfim e Indonésia e a transferência da tecnologia ao Brasil, através da Ceplac, alimenta a expectativa de bons frutos para a cacauicultura brasileira e, particularmente, à cacauicultura baiana na opinião do chefe do Cepec, Adonias de Castro Virgens Filho.