Como perder o direito de locomoção em quatro atos.
Começou com a ocupação da calçada, de um dos lados da rua, por um barzinho que servia um churrasquinho gostoso e uma cerveja geladíssima. Até aí, os pedestres já perdiam uma possibilidade de locomoção, mas as pessoas atravessavam a rua e seguiam pela outra calçada.
Depois, entenderam de abrir outro bar em frente. Novamente, roubaram do pedestre a possibilidade de transitar de forma segura, já que o novo empreendimento tomou a segunda calçada. Mas, ainda assim, os pedestres se viravam, e disputavam o espaço da pista de rolamento com os automóveis.
Mas não parou por aí. Entendendo que ali seria o novo point da cidade, outro comerciante abriu mais um bar, que se tornaria o “da moda”, e passou a ocupar boa parte da rua, no que foi acompanhado pelos dois primeiros. Aí, pedestres e carros já nem podiam disputar o mesmo espaço. Só havia como passar um veículo por vez.
Há cerca de um mês, a decisão radical. Fechar a rua Sóstenes de Miranda para veículos e pedestres, nas noitadas itabunenses. Uma ótima ideia para os clientes e um ótimo negócio para os empresários, mas um crime contra a mobilidade urbana.
Mas, não foi o fim dessa epopeia: desde a noite de ontem, os folgados entenderam de levar para a festa uma espécie de mini-trio. Como já não tem onde parar o trambolho na rua Sóstenes de Miranda, cresceram o olho para a antes tranquila Beira-Rio. Resultado, perdemos uma pista da Firmino Alves. Mas ainda há uma calçada e uma pista, por onde podemos passar, até que tomem de vez um lado da cidade.
Em poucos dias perdemos o direito de andar e, até, de transitar de carro e moto na rua Sóstenes de Miranda. Viva a imobilidade urbana. Viva a imobilidade das autoridades.