Do G1 Bahia
Um segurança do supermercado Atakarejo foi preso na manhã desta segunda-feira (10), em Salvador, durante uma operação que investiga as mortes de Bruno e Yan Barros da Silva. No fim de abril, os dois, que eram tio e sobrinho, foram mortos após serem flagrados quando tentavam furtar carne do estabelecimento.
Outras três pessoas também foram presas por suspeita de envolvimento no caso. Segundo a polícia, os presos também são suspeitos de serem traficantes de drogas. A polícia cumpre, ainda, mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina.
“No supermercado, estamos colhendo provas através de computadores, documentos, entre outros eletrônicos”, disse a delegada responsável pela investigação, Zaira Pimentel.
A reportagem entrou em contato com o grupo Atacadão Atakarejo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Além do Nordeste de Amaralina, os mandados também são cumpridos nos bairros da Mata Escura e Fazenda Coutos, na capital baiana, e no município de Conceição do Jacuípe, a cerca de 100 quilômetros de Salvador.
O crime aconteceu no dia 26 de abril, mas só na última quinta-feira (6), o supermercado Atacadão Atakarejo informou que os seguranças envolvidos no caso foram afastados. Segundo a família das vítimas, Bruno e Yan entregues pelos funcionários do estabelecimento para integrantes de uma facção criminosa do bairro do Nordeste de Amaralina.
Na sexta-feira (7), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) pediu a prisão preventiva das pessoas envolvidas nas mortes de Bruno Barros e Yan Barros.
O órgão, no entanto, não detalhou quantas pessoas podem estar envolvidas, nem as identidades delas. Além disso, o MP-BA também solicitou a prisão preventiva de prepostos da rede Atakarejo, por terem contribuído com a morte do tio e sobrinho.
Participam da Operação Retomada, cerca de 50 equipes com 200 policiais civis, da Polícia Militar, da Superintendência de Inteligência da SSP e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) participam da ação.
Entenda o caso
Na noite do dia 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.
Um dia depois, no dia 27, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo por furtar carne no estabelecimento.
Bruno e Ian Barros foram torturados e mortos a tiros após furtarem carnes em mercado — Foto: Arquivo pessoal
Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem alega ter feito.
No entanto, a PM informou que a 40ª CIPM não foi acionada para atender a ocorrência. No entanto, assim que tomou conhecimento, por meio de populares, de que teria ocorrido de um possível furto no estabelecimento comercial no bairro de Amaralina, a unidade deslocou uma equipe até o local. Quando chegou, funcionários não confirmaram o fato.
No dia 30 do mesmo mês, parentes e amigos dos dois homens fizeram uma manifestação, na rua onde eles moravam, em Fazenda Coutos, e depois na frente do Atacadão Atakarejo, que fica no mesmo bairro.
O grupo bloqueou a rua próximo à Base Comunitária da Polícia Militar pedindo justiça. Emocionada, a mãe de Bruno Barros, Dionésia Pereira, chegou a passar mal durante o ato. Depois, eles entraram no supermercado e com cartazes fizeram um protesto.
Na época, o Atakarejo informou que é cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais, e que não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei.
Disse também que os fatos questionados envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente.
Também no dia 30, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que ao tomar conhecimento do fato envolvendo Bruno Barros e Yan Barros, adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital.