Por Rosangela Batista Gomes

Neste momento em que a inflação apresenta crescimento e no qual é prioritário racionalizar o orçamento familiar e os custos dos transportes, é importante buscar soluções para a redução dos preços de produtos e despesas fixas mensais. Nesse contexto, cabe refletir sobre uma situação peculiar no Brasil, referente à composição da gasolina (refinada ou formulada?), tema sobre o qual se divulgam informações equivocadas, fazendo com que muita gente acabe pagando mais caro por um item com peso significativo nas despesas das pessoas e no IPCA.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), todas as gasolinas produzidas no Brasil, como no mundo, são formuladas, pois são misturas de hidrocarbonetos. Podem ser fabricadas diretamente nas refinarias de petróleo ou em formuladoras e centrais petroquímicas. Em nosso país, contudo, criou-se um mito de que são diferentes e de que a chamada refinada seria melhor.

Essas informações incorretas, muitas vezes difundidas por postos de abastecimento, acabam desorientando e enganando os consumidores. As empresas formuladoras são responsabilidade pela excelência de seus produtos. As que operam dentro dos padrões de legalidade, devem submetê-los ao controle de qualidade rigoroso existente nas distribuidoras de combustíveis, conforme as normas da ANP. E isso impede a adulteração.

O que se chama de gasolina formulada no Brasil é a produzida fora das refinarias, mas sua qualidade é igual e pode até ser superior. Depende dos atributos e tipos de cada uma, como comum, aditivada ou premium. Os consumidores têm uma alternativa de qualidade e preço mais baixo ao abastecerem seus veículos com gasolinas fabricadas por formuladora. Por que pagar mais caro? Todo combustível é formulado, seja de posto com bandeira ou não.

A gasolina conhecida como formulada, independentemente de não ter sido fabricada numa refinaria, também é boa, desde que atenda à legislação e aos padrões de qualidade estabelecidos pela ANP. As adulterações de combustíveis não ocorrem nas refinarias, nas empresas formuladoras ou nas distribuidoras, mas sim em postos de abastecimento inescrupulosos. Por isso, o consumidor deve sempre dar preferência aos varejistas de combustíveis de sua confiança. Os que trabalham com seriedade e honestidade sempre oferecerão um produto de qualidade, seja de refinaria ou de formuladora.

O importante é saber que toda gasolina produzida, distribuída e comercializada por empresas que primam pela lisura atendem aos requisitos exigidos pela ANP. Nenhuma delas causa problemas no motor, reduz o desempenho e o nível de consumo dos veículos. Sua composição depende dos hidrocarbonetos (naftas) e processos de produção utilizados. São constituídas de misturas químicas criteriosamente balanceadas, visando atender aos requisitos de performance.

Também é importante saber que a gasolina produzida nas formuladoras não tem menos densidade, que é estipulada pela ANP, com especificação mínima de 715,0 kg/m3. Os produtores têm o dever de atender a essa especificação. Com a nova resolução da agência, em vigor desde o dia 3 de agosto de 2020, as mudanças referentes à especificação da gasolina em densidade mínima de 715,0 kg/m3, espera-se um rendimento cerca de 5% maior por litro de combustível, conforme estudos realizados pela própria agência.

Conhecendo-se todas essas questões técnicas, muitas vezes não divulgadas publicamente, o consumidor também pode aumentar o rendimento de seu dinheiro. Com cada real gasto, será possível rodar alguns quilômetros a mais.

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Rosangela Batista Gomes é bacharel em Química Tecnológica e Supervisora de Laboratório da Copape Formuladora de Combustíveis