Terreiros de candomblé de Itabuna assinaram uma carta direcionada à prefeitura, em que cobram um posicionamento do prefeito Augusto Castro, com relação à participação deles em eventos promovidos pela administração no município. “Esta carta trata-se justamente de luta, para não perdermos os poucos direitos conquistados pelas comunidades tradicionais de terreiro de nossa cidade, em especial às entidades de candomblé e umbanda, lembramos que agora somos patrimônio imaterial artístico e cultural do Município de Itabuna, reconhecidos por lei municipal aprovado pelo legislativo de forma unanime e reconhecido pelo executivo”, diz um trecho do documento.
Ao Blog O Trombone, representantes de algumas comunidades de terreiro, explicaram que a crítica se deve ao tratamento dado pela Fundacão Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) aos terreiros e comunidades tradicionais de terreiro como entidades culturais da cidade. “Em 2023, não tivemos participação no CELEBRA Itabuna. Em 2024, por diversas vezes nos mobilizamos para a celebração, vários terreiros e casas deixaram suas atividades ou adiaram festividades internas, por conta de datas dada pela FICC, que seria o CELEBRA com os povos de terreiro e essas datas sempre foram adiadas, como 21, 22 e 23 de março, 17, 18 e 19 de maio, 26 de julho aniversário da cidade e nada. Por diversas vezes solicitamos via FICC, e via Secretário de Governo uma reunião com o prefeito, e sempre nos foi negado”, afirmam.
Os representantes destacam a preocupação dos povos de terreiros diante do que vem ocorrendo. “Essa população ao longo de séculos sofreu na sua pele o racismo estrutural, por sua cor e por sua origem no continente africano, protocolamos no gabinete do prefeito um Oficio em maio deste ano pedindo informações sobre a proposta pedagógica para a Secretaria de Educação, do porquê a prefeitura de Itabuna não executa a obrigação do cumprimento da LEI 10.639/2003, e até o momento não tivemos resposta. Os terreiros de religião afro-brasileira e na perspectiva cultural afro-brasileira investidos desta história de sofrimento perseguição e racismo religioso não poderíamos ficar calados com o descaso com os povos de terreiro nos últimos dois anos, 2023 e 2024, a palavra que descrevemos é descaso total”.
As comunidades de terreiros pedem uma mesa de negociação com o prefeito Augusto Castro para discutir a situação. “Esta nota não se trata de personalização de culpados, queremos um diálogo em busca de solução a entender e tirar todas às dúvidas de que essa falta de diálogo e compromisso de políticas públicas para os povos de terreiro não é racismo estrutural. Uma vez que a prefeitura realizou festas de admiração a nível nacional como é o caso do próprio CELEBRA Itabuna com os evangélicos e católicos, com atrações como Padre Fábio de Melo, Aline Barros, Davi Sacer e outros além do próprio ITA PEDRO, festa com estrutura igual ou superior ao maiores festivais do Brasil, como Festival de Verão e Festival de Inverno. Sabemos que não é incompetência da FICC, na pessoa do secretário Aldo Rebouças. Só temos uma palavra: descompromisso com as pautas deste segmento e com o conjunto das políticas de igualdade racial do Brasil”.
Entidades que se manifestaram sobre o assunto:
Terreiro Ilê de Omin Kaya Sara. Tatta Mwkumbileji
Ilê Axé Kafungeonilewa – Tateto Kafungeonilewa
Ilê Abaçá Obá Olokúm – Yalorixá Miriam de Obaluaiê
Ekedy Oyá Bará
Ilê Axé Bomboxe Oxum Apara Odé Ibó. Miloumi
Asé Morro Encantado Babalorixá: Gildásio Mafra
Ilê Axé Ijexá Ejó Aranfejú – Babalorixá:Edami
Ilê Axé Oyá Ilè – Ékedì : Yábênã
Ylé Axé Ty’A Mym Ogunté – Adomynadabe – Wilde de Iemanjá
Ilê Axé kafungeonilewa – Coord. ACBANTU Itabuna Setorial Cultura Afro Brasileira Itabuna
3- Ilê Axé Odjol’onin – Babalorixá: Fábio Gomes, Presidente da AFCSOL
Ilé Asé ijobá Sul Edan boji – Babalorixa Pai Bebe Oya Kaemim
Ilê Axé Obá Nilé – Ronailton de Xângô
Asé Morro Encantado – Babalorixá: Gildásio Mafra
Abaçá Obá Olokúm Yalorixá: Miriam De Obaluaiê
Ilé axe Ijoba T’oxumare Yeua – Babalorisa Oboriji
Ilê Àsé Òpò Òyá Fenan Yalorisa – Dety Ti Oya
Ilê Asé Ijobá Wndy Jàgúm Ayê – Bàbàlõrixá Diego Ti Jàgún
ACBANTU Itabuna
Setorial de Cultura Afro de Itabuna do CMPCI
Mãe Valdete Oliveira e Terreiro
Ogã Alano de Omolu
Babalorixá Gil d’ Iemanjá
Ilè asé Táfà Odé – Babálóòrisá Eudes T’ Òsóòsí
Ilê axé Gení Obá – Mãe Cleide