Walmir Rosário | [email protected]
Exposta na mídia política como objeto de investimentos do Governo Federal, que prevê sua duplicação pela margem direita do rio Cachoeira, o Governo do Estado, a quem cabe a manutenção dessa importante rodovia, não faz nada para mantê-la em perfeitas condições de tráfego.
No trecho entre Itabuna e Ilhéus, o mais movimentado, os motoristas têm que ter "jogo de cintura" para "driblar" os constantes buracos ao longo de toda a pista. Os que se aventuram a trafegar todos os dias na chamada avenida Jorge Amado, têm que se resignar com os constantes obstáculos ao longo de todo o percurso.
Pode parecer exagero, mas a buraqueira obriga os viajantes a ter habilidade de piloto de rally para chegar inteiro em seu destino. A situação se agrava ainda mais com a ocorrência das chuvas, fenômeno que diminui a visibilidade do motorista, que permanece numa imensa fila durante o trajeto.
Como a recuperação foi feita com "lama asfáltica", qualquer operação tapa-buracos se torna inócua, pois não há como agregar a massa asfáltica nova à antiga, já que a espessura é de cerca de três centímetros. Com isso, qualquer recuperação deverá preceder da retirada da camada superior, para em seguida colocar uma camada nova.
Enquanto a nova pista não sai, os investimentos na disponível também não chegam. A BR-415 foi recapeada com "lama asfáltica" no final do governo de Paulo Souto, paralisada no começo do de Jaques Wagner, retomando os serviços meses após, após as auditorias de praxe, além da necessidade política de deixar o problema agravar para solucioná-lo, em parte, depois.
"Pais da criança", à parte, o certo é que deputados, senadores, o governador e até os candidatos de agora usam, sem a menor cerimônia, o melhoramento da BR-415 e a sua duplicação como promessa de campanha. E o que é ainda mais lamentável: fica só no blá-blá-blá!
Uma sugestão que faço, se tenho direito a tanto, é ampliar a duplicação pela margem direita do rio de forma futurista, dotando-a, desde já, de duas pistas, a exemplo da Salvador-Feira de Santana. Uma obra desse porte permitiria que a atual, pela margem esquerda do rio Cachoeira, se concretizasse como avenida Jorge Amado.
Esses investimentos seriam bastante valiosos para todos os segmentos econômicos e políticos, resolvendo, de forma definitiva, o tráfego por dentro da cidade de Ilhéus. Isso possibilitaria evitar a circulação desnecessária pelo centro da cidade, de veículos que se destinam a bairros, distritos e outros municípios.
A tão sonhada e portentosa avenida Jorge Amado ligando Ilhéus a Itabuna, se depender dos investimentos públicos, vai ficando para outra ocasião, mesmo com as constantes emendas ao Orçamento da União, enriquecendo o discurso dos políticos com mandato. Isso é fato público e notório.
Na contramão do público, os investimentos privados vão demonstrando que a BR-415 é um dos equipamentos rodoviários mais importantes da região cacaueira, prestes a ter status de região metropolitana. Essa demonstração está presente na implantação do Atacadão Carrefour, na loja de atacados Makro (obra em fase de conclusão), no Maxxi, em fase de instalação, da Uesc, do Instituto Federal da Bahia (IFBa), além de uma série de grandes, médias e pequenas empresas que tem feeling para acompanhar o crescimento.
Enquanto as instituições públicas fazem "ouvidos de mercador", a avenida Jorge Amado, a despeito desse descaso, vai se transformando num grande centro comercial regional, uma verdadeira e bem produzida vitrine de encher os olhos dos consumidores, como descobriu há tempos os comerciantes do bairro ilheense do Banco da Vitória.
Antes que me esqueça, duas importantes informações: primeiro, o último investimento sério na BR-415 foi realizado ainda no governo de Roberto Santos (década de 1970). Segundo, se a rodovia é uma das mais bonitas do Brasil é graças ao plantio de árvores feito pela Ceplac, por obstinação de Lício Fontes.
Por último, o título acima merece uma explicação: tábua de pirulito era uma roda de madeira cheia de furos, nos quais eram enfiados os pirulitos, com uma haste no meio, que servia para o vendedor sustentá-la chamando a atenção de todos. Mas isso era coisa de antigamente, o descaso com a BR-415, dos homens públicos de hoje.
Publicado inicialmente no Cia da Notícia
Walmir Rosário é jornalista, advogado, editor do site www.ciadanotícia.com.br e usuário (diário) da rodovia