O ex-ministro José Dirceu lançou ontem, em Itabuna, seu livro “Zé Dirceu – Memórias”, no plenário da Câmara Municipal de Itabuna. Após a primeira sessão de autógrafos, antecipada devido a um problema na sonorização, o comandante, como foi saudado pelo presidente do PT em Itabuna, Jackson Moreira, falou à plateia formada majoritariamente por petistas, mas também com integrantes de outros partidos de esquerda.
“Meu discurso não é no sentido de inflamar a esquerda, fazer protestos contra esse governo. Não. Hoje nós somos uma alternativa de poder em 2022, temos 50 milhões de votos. Ganhar eleição nós sabemos, ganhamos quatro vezes. O que precisamos fazer é organizar o povo, para que ele entenda a necessidade das reformas bancárias, fiscal e política, essenciais para fazer do Brasil uma potência mundial”.
Ele desenvolveu seu argumento: “As pessoas precisam entender a gravidade que é pagar juros de 300%. Há uma taxação exacerbada sobre o consumo, enquanto alivia para os ricos. Quem ganha 2 mil reais paga a mesma alíquota de imposto de renda de quem ganha 100 mil. O mundo taxa dividendos, heranças, doações, aqui taxamos salário e consumo. Está errado!”.
Para ele, a organização popular é vetor da transformação social e política, e citou os movimentos históricos contra o arrocho salarial, de mulheres organizadas, na década de 50. “Elas foram para as ruas em São Paulo protestar contra a falsidade que era a inflação, o índice oficial, frente à carestia que elas percebiam. Ou seja, as pessoas estão aí, os estudantes, os jovens estão nas cidades, fazendo cultura, só precisamos que todos estejam organizados”.
Para Dirceu, a organização popular é o que pode evitar o surgimento de figuras como a que governa o país hoje. “Eles conseguiram organizar, instrumentalizar pequenos grupos e, por terem entendido a força das redes sociais, potencializaram a pregação. Semana passada foi denunciado pela ex-líder do Governo no Congresso que há um gabinete do ódio, mantido com dinheiro público. Alimentaram o discurso da moralidade, junto a igrejas, e deu nisso”.
José Dirceu afirmou que o ciclo histórico-político que favoreceu as eleições do PT, se encerrou. “Nós temos os votos, porque há uma memória do que os nossos governos fizeram em favor do povo, mas o momento é outro. Há o componente dos militares, junto com o discurso conservador e reacionário, alimentado por uma ideia ultra-liberal, que é alimentada por uma mídia que sonha com esse bolsonarismo, sem o Bolsonaro, mas com as ideias do Paulo Guedes. É o sonho deles”.
O ex-ministro disse que tirou férias de 5 dias no sul da Bahia, onde ainda participa de um seminário, no próximo dia 27, no Centro de Convenções de Ilhéus. Ele veio acompanhado do filho, o deputado Zeca Dirceu, e da esposa Simone Tristão.