Resultado de investimentos de mais de R$ 209 milhões nos últimos dois anos e meio, o Programa Primeiro Emprego, do governo estadual, está funcionando como incentivo para que jovens egressos da Rede Estadual de Educação Profissional tenham acesso não só ao trabalho, mas também à universidade. A tendência foi demonstrada por uma pesquisa realizada pela Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM) e pela Fundação Estatal de Saúde da Família (FESFSUS), a pedido da coordenação do programa, com 2.662 beneficiários que atuam ou já atuaram em órgãos do Poder Executivo Estadual.
O levantamento – realizado por meio de questionário online no período de março a abril deste ano – identificou 864 beneficiários do programa cursando o ensino superior, o que representa 32,5% do total de respondentes. Outros 38 beneficiários (1,4%) já concluíram a graduação. O dado mais relevante, no entanto, é que 83% dos que frequentam a universidade consideram que a renda obtida com a contratação tem sido fundamental para o seu ingresso e/ou permanência no curso superior.
“As pesquisas com o público alvo do programa reforçam a relevância social da iniciativa com a celebração do primeiro contrato de trabalho”, avalia o secretário estadual de Administração, Edelvino Góes. De acordo com o coordenador de Acompanhamento de Políticas Sociais da Casa Civil, Antônio Almerico, a pesquisa tem dos objetivos: o primeiro, de caráter estratégico, é mensurar uma das dimensões do impacto social do programa; já o segundo, de caráter operacional, é estabelecer procedimentos que contribuam para beneficiários do programa permanecerem e concluírem o curso superior. A pesquisa deverá ser realizada semestralmente, após as matriculas propiciadas pelo Sistema de Seleção Unificada do MEC (SISU).
Os dados são facilmente comprovados pelos relatos dos jovens. Grasiele Portugal, 20 anos, fica com os olhos cheios de lágrimas ao falar da experiência no programa. “Minha mãe tem muito orgulho de mim, porque tive a oportunidade que ela não teve”, conta. Filha de um sushi man desempregado e de uma empregada doméstica, Grasiele utilizou o salário do trabalho na Secretaria de Administração do Estado (Saeb) para ajudar em casa e ainda conseguiu bancar o curso de graduação em Administração, com uma bolsa parcial conquistada na Unijorge.
A menos de um mês para o término do seu contrato com o Estado, Grasiele iniciou um estágio de nível superior na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). “Sem a experiência de trabalho do Primeiro Emprego jamais passaria na seleção”, avalia Graziela.
Relato semelhante é de Uiliam Ferreira de Jesus, 22 anos. Ex-beneficiário do Programa Primeiro Emprego, Uliam fala com orgulho da graduação concluída em Gestão de Recursos Humanos na Faculdade Dom Pedro II que consegui custear graças ao programa. “Minha experiência foi ótima, trouxe várias oportunidades de crescimento”, conta Uíliam, que chamou atenção da equipe do Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) por seu engajamento e acabou conquistando uma contratação para atuar na unidade como terceirizado. “Meu sonho agora é seguir carreira na área de Gestão de RH e financiar uma casa para a minha família”, revela Uiliam.
De dezembro de 2016 – quando a iniciativa foi lançada – a junho deste ano, o Primeiro Emprego já viabilizou a contratação de 5.486 jovens egressos do ensino técnico da Rede Estadual de Educação Profissional para atuação em órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual, a título de primeira experiência profissional.
Promovida com recursos do Fundo de Combate à Pobreza, a iniciativa é viabilizada por meio de contratos com a Fundação Luis Eduardo Magalhães (FLEM) e a Fundação Estatal de Saúde da Família (FESFSUS), sob a gestão da Secretaria de Administração do Estado (Saeb). Em outras vertentes, o programa também propicia a contração de estagiários e aprendizes técnicos de nível médio em órgãos e empresas públicas, e o estágio, aprendizagem e ocupação formal em empresas privadas beneficiadas por incentivo fiscal estadual. Em todas as vertentes a convocação é feita pela Secretaria de Trabalho, Renda e Esporte (SETRE), sempre com base em um ranking elaborado pela Secretaria de Educação (SEC), a partir das notas obtidas durante o curso técnico concluído pelo beneficiário.