Um dia diferente, para lembrar a todas que nem a situação de cárcere tira delas a feminilidade e a condição de mulher, independente da cisgenereidade ou da transgenereidade de cada uma. Assim foi celebrado o Dia da Mulher no Conjunto Penal de Itabuna, que teve como ponto alto a programação conjunta para as 22 mulheres cisgênero e para as duas que se declaram transgênero na unidade. As atividades foram promovidas pela empresa Socializa, que administra o presídio em regime de cogestão com o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP).
O dia começou com uma mensagem do diretor do CPI, Bernardo Cerqueira Dutra, que abriu espaço para que fossem feitos questionamentos e pleitos à Direção, que serão avaliados e terão respostas ao longo dessa semana. Em seguida, foi realizada uma roda de conversa sobre a Invisibilidade do trabalho de cuidado desenvolvido pela mulher no Brasil, tema que foi discutido, também, na Redação do Enem em 2023.
A palestra foi ministrada pela advogada Beatriz Barboza, que interagiu com as reeducandas e juntas refletiram sobre a carga física e emocional que cada mulher é obrigada a levar em nome da harmonia do lar, sem que haja qualquer tipo de reconhecimento. Ainda produzido pelo Setor Jurídico, todas as internas tiveram acesso ao atestado de pena, uma forma de acompanharem a evolução processual e do cumprimento da pena que foi imposta a cada uma. Todas receberam orientação sobre a pena restante, possíveis remições e expectativa de progressão.
O Setor de Saúde promoveu, ao longo da manhã, a realização de testes rápidos para detecção precoce de Infecções Sexuamente Transmissíveis ((ISTs) e hepatites.
Após a palestra, todas tiveram acesso ao Salão de Beleza, que além da cabeleireira instrutora Celineide Hage, recebeu o reforço de duas trancistas cedidas pelo Projeto Madalena, do qual a empresa Socializa é parceira em diversas ações. Também reforçaram a equipe colaboradoras da unidade que possuem habilidades em maquiagem, cortes e escovas, o que permitiu um atendimento a todas que buscaram os serviços do Projeto Beleza Viva, que funciona na unidade.
Essa maratona da beleza teve como objetivo prepará-las para a culminância da programação, um almoço de integração entre todas as reeducandas, em uma única mesa, com direito a decoração, serviço de pratos e talheres especiais. O prato do dia também foi especial: lasanha de frango, queijo e presunto ao molho branco, acompanhada de frango assado, salada tropical e coca cola. Para a sobremesa, mousse de limão.
“Nosso objetivo é mostrar a elas mesmas, como também a todos e todas da unidade, que a harmonia é um caminho possível. Elas estão de parabéns, pelo seu dia e, também, pela lição de convivência, civilidade e harmonia com que conviveram, de forma integrada, durante toda a manhã, dividindo todos os espaços. Essa não foi a primeira experiência assim, mas foi a primeira em que se integraram mulheres cis e mulheres trans. Parabéns à equipe e, principalmente a elas, que realizaram conosco esse momento”, declara o diretor Bernardo Dutra.
Escola acolhedora
As homenagens começaram ainda na quarta-feira (6), quando educadores do Colégio Estadual Adonias Filho realizaram o primeiro acolhimento às mulheres com objetivo de construir um ambiente de inclusão e sororidade entre mulheres cis e trans em situação de privação de liberdade.
Na oportunidade foi realizada uma roda de conversa com a Professora Doutora em Memória, Linguagem e Sociedade pela UESB, Renata Tereza Brandão Meireles, e a Professora Mestra em Linguagens e Representações pela UESC, Gisele Brandão. As discentes promoveram um bate-papo e uma roda de conversa sobre a temática da mulher na sociedade atual, com exibição de vídeo e participação ativa das internas num diálogo siginificativo e bastante representativo.