Por: Maria Reis Gonçalves
Observo que alguns homens ainda perguntam pelo que às mulheres estão lutando, se a própria Constituição Federal já nos dá direitos iguais perante a lei. Outros ainda nos pergunta, porque depois de tantas conquistas as mulheres ainda são tão reprimidas. Costumo responder que a questão é bem essa: a repressão é cultural e passa a ser invisível aos olhos do outro. Fazendo um pequeno resumo, posso dizer que desde a tenra idade, a mulher é ensinada a ser mocinha, usar vestidos, fechar as pernas ao sentar, estar sempre limpa e apresentável. A meninas são criadas de uma maneira diferente dos meninos. Os meus filhos posso deixar solto porém, as minhas filhas tenho que prender mais. As filhas são criadas para não correrem riscos, para serem protegidas, não nos ensinam a correr atrás do que queremos e, com isso nos dá a insegurança da nossa capacidade de conseguir alguma coisa na vida. E ao ficarmos adolescentes, nossas mães tem o cuidado de nos falar que não devemos pensa em sexo, que isso é coisa de menino ou menina que não se respeita.
E quando alguma mulher se torna mais ousada e começa a agir com maior liberdade, logo é taxada de vadia, quer se aparecer, não tem compostura. Uma coisa que é pensada pelo homem e o pior, pelas próprias mulheres. E quando demonstramos as nossas emoções. quando choramos ou buscamos firmar o nosso ponto de vista, tem sempre alguém falando que somos histéricas e desequilibradas, pois jamais devemos, como mulher, demonstrar emotividade. Até hoje, em pleno século XXI a mulher que busca viver a sua vida plenamente, tem sofrido preconceitos e humilhações, pois a mulher é tratada como um prêmio para o homem e só deve ter liberdade com o seu parceiro, depois de casada. Mulher livre é mulher fácil e por isso sem valor. E como toda repressão tem suas consequência, é a sociedade que cria a mulher com medo de ser plena e, de viverem a vida sem medo de serem rotuladas. Para os homens a mulher que topa qualquer tipo de diversão é mulher fácil, não serve para casar, as mulheres recatadas e do lar, são as difíceis, dóceis, essas servem para se construir uma família.
E, ainda tem homens que perguntam pelo quê as mulheres estão lutando. Quando eles mesmos sabem que são os principais preconceituosos em relação à mulher, que são os primeiros a rotulá-las e taxá-las de vários adjetivos pejorativos quando às mesmas escolhem agir de maneira liberal, fora dos padrões equivocados da sociedade. A mulher cresce aceitando a idéia retrógada que é feio explorar seu próprio corpo, se tocar, sentir prazer, namorar sem compromisso, beber sozinha em um bar, se divertir. E por não conseguir se conhecer, a mulher passa a crescer sonhando em descobrir alguém que lhe dê à atenção, carinho e amor que merece, um homem que entenda seus anseios e desejos. E então descobre, às vezes, muito tarde que não é bem assim, e talvez seja tarde para que a mulher possa se libertar de si mesma, pois a liberdade interior é sempre um processo muito difícil.