Por Simone Nascimento
Ano de 1984. Elícia Maria Gonçalves Primo, na época funcionária da Creche Otaciana Pinto, estava em um ponto de ônibus no Centro Comercial de Itabuna, quando um homem moreno, vestindo roupa jeans, se aproximou. Ele segurava nos braços um bebê de, aproximadamente, quatro meses de idade.
O desconhecido, então, pediu que Elícia ficasse com a criança por alguns instantes, para que ele fosse até a rodoviária pegar uma encomenda. Essa foi a última vez que a mulher o viu. “Eu esperei até 11h30 e ele não apareceu. Fui na rodoviária e lá colocaram no sistema de autofalantes para procurar o homem que tinha entregado essa criança para mim, e nada. Mandaram que eu levasse o bebê para casa. Anunciaram durante três dias para ver se o homem aparecia”, lembra Elícia, hoje com 69 anos de idade.
Seis meses se passaram e a mulher registrou o bebê que, além de um nome – Fabrício Gonçalves Primo – ganhou um lar, uma família, educação e muito amor.
O menino cresceu. Fabrício agora está com 35 anos, é casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no bairro Teotônio Vilela, em Ilhéus. Sua mãe adotiva continua morando no bairro Jaçanã, em Itabuna, mas os dois mantém contato todos os dias, numa prova que os laços de amor e carinho que um dia os uniu nunca serão cortados.
História dolorosa
Hoje, 35 anos depois, Fabrício quer descobrir sua origem. Nós conversamos com ele, que nos contou que foi a própria Elícia que o incentivou a ir em busca de sua história. “Lamentavelmente, é uma história dolorosa pelo abandono. Somente agora criamos coragem de expor isso, esperando que Deus toque no coração de algum parente e eu possa encontrar meus pais biológicos”, disse.
Fabrício relatou que ficou sabendo da verdade aos sete anos de idade. Confessou que ficou chateado, triste. “Mas hoje, cristão, eu peço muito a Deus que Ele me dê essa oportunidade de conhecer minha mãe biológica. Tenho vontade de saber tudo, o que de fato ocorreu”.
Presbítero na Igreja Assembléia de Deus, o maior sonho de Fabrício é ter um encontro com sua própria história. “Porque é difícil você morar em um mundo e não ter uma vida, não ter uma história, não saber de onde você veio. Fui acolhido pela minha mãe adotiva, com todo carinho. Minha avó adotiva também me deu todo amor”, reconhece, com gratidão.
Quem souber de alguma pista, de alguma informação, que leve ao paradeiro da família biológica de Fabrício, pode entrar em contato por meio do telefone (73) 98144-7296. “Acredito que Deus irá fazer um milagre e eu vou reencontrar minha mãe, meu pai, para olhar nos olhos deles e saber o que houve”.
Vídeo no zap
Para facilitar a busca, mãe e filho divulgaram um vídeo nas redes sociais, em que contam a história do abandono e da busca. A triste história vem comovendo a todos que assistem, e foi o que motivou essa matéria.
Agora, resta torcer para que o mesmo destino que deu a Fabrício a chance de um lar onde ele foi e é muito amado, o leve ao encontro de sua própria história, dando-lhe a oportunidade de fazer as pazes com seu passado, com sua origem.