O Legislativo itabunense passa por uma crise de identidade, e sua renovação será muito boa para Itabuna. Essa é a avaliação do pré-candidato a vereador Ruy Machado (Solidariedade). Ele afirma que há bons pré-candidatos, que tem chances reais de vitória, o que significa que muitos dos vereadores da atual legislatura perderão seus mandatos.
“Hoje temos uma Câmara totalmente subserviente ao Poder Executivo. A ruptura desse sistema vai fazer bem para Itabuna”, analisa.
Ruy Machado faz outras avaliações sobre a política e a gestão do município na entrevista a seguir.
O senhor já foi vereador por três mandatos e foi presidente do Poder Legislativo. Qual papel a Câmara pode efetivamente desempenhar para ajudar no desenvolvimento de Itabuna?
O primeiro papel é a independência. É se libertar dessa subserviência ao poder Executivo. Prefeito não pode mandar na Câmara, assim como vereador não pode ter influência no Executivo. A Constituição diz que os poderes são harmônicos, mas independentes. Depois, o vereador não pode abrir mão de seu papel fiscalizador. Por fim, acredito que o vereador pode ser um mobilizador das forças vivas da cidade, no sentido de promover seu desenvolvimento. Temos aqui a tradição de uma grande participação das instituições, dos clubes de serviço, da sociedade organizada, ajudando o município, sugerindo ações, projetos. Perdemos tudo isso nos últimos anos, mas entendo que a gestão só tem a ganhar ouvindo a sociedade.
O senhor fala da necessária independência entre os poderes. Não considera importante o prefeito ter uma tropa de choque na Câmara, uma bancada que lhe seja fiel?
Eu sou do partido do pré-candidato que lidera as pesquisas para prefeito, o deputado estadual Pancadinha. Claro que eu votarei nele e torcerei pela sua vitória. Mas digo a todos e a ele: sou independente. Se nós dois nos elegermos, cada um terá seu mandato e, aí sim, vamos conversar sobre Itabuna. Não posso ser candidato de um candidato. Eleitos, estarei pronto para ajudar minha cidade, com independência e responsabilidade, ajudando o prefeito naquilo que for bom para a cidade. Como eu sei que ele, caso eleito, também terá essa visão, acredito que teremos uma grande gestão.
Como o senhor avalia as críticas que algumas pessoas fazem ao deputado Pancadinha, sobre sua falta de experiência política e administrativa?
Primeiro eu vejo que há muito preconceito em certas avaliações. O fato de Pancadinha estar há pouco tempo na política não o desabona, pelo contrário, se observarmos algumas práticas de políticos viciados. Por outro lado, ele é um rapaz muito inteligente politicamente, que tem se destacado e tem atraído pessoas de grande peso político, a exemplo do deputado Elmar Nascimento. Caso seja eleito, ele deve se cercar de uma equipe que consiga dar as respostas que os itabunenses necessitam, especialmente na Saúde, na Educação e na geração de empregos.
O senhor falou sobre a relação de subserviência da legislatura atual ao Executivo. Acredita que haverá mudança significativa na próxima?
Acredito, primeiro, que vamos ter uma boa renovação. Hoje temos uma Câmara totalmente subserviente ao Poder Executivo. A ruptura desse sistema vai fazer bem para Itabuna. Temos bons pré-candidatos, com boas chances de vitória. Essa renovação, por si só, já será muito positiva. Após a eleição e posse teremos a prova final, mas acredito que cabe à população e à sociedade organizada cobrar essa independência. Sou pré-candidato a vereador, então é natural que eu acredite na renovação, e sei que ela fará muito bem a Itabuna.
Está satisfeito com os rumos da pré-campanha até aqui?
Estou preocupado com a falta de definições – ou mesmo de esboços – de projetos e propostas de governo entre os pré-candidatos a prefeito. Estamos vivendo uma das piores crises de gestão que essa cidade já viveu, mas não temos visto propostas claras no debate público. Vamos aguardar as definições das candidaturas para aí sim, termos uma ideia do que cada um pensa ser o melhor para Itabuna. Por enquanto, só o disse-me-disse que não nos ajuda em nada como eleitores e cidadãos. Que venham as convenções!