Olhar atento e brilhante, sorriso no rosto, passos apressados para provar a liberdade de caminhar. Em ligeiras palavras, assim descrevemos algo comum aos alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) em Itabuna. Eles lotaram o plenário da Câmara na manhã de segunda-feira (8), em sessão que comemorou os 45 anos ininterruptos da escola da entidade.
Proposto pela vereadora Wilma de Oliveira (PCdoB), o evento teve o tom de celebração. “Temos que incluir mesmo; é gente, é ser humano e temos que buscar alternativas. O poder público precisa unir forças pela Apae”, conclamou.
O empenho por leis que coloquem a associação num patamar mais confortável estava na fala dos vereadores. Além de Wilma, lá estiveram Israel Cardoso (Agir), citando a luta em Brasília pelo “perdão das dívidas fiscais das instituições”; Cosme Resolve (PMN), Danilo da Nova Itabuna (UB), Kaiá da Saúde (Avante) e Pastor Francisco (Republicanos).
Os alunos cantaram, teve coreografia com a professora Alana Dialla; as lágrimas da docente Vera Lúcia quando foi lembrada como alguém que leciona no local desde o início. Ela integra o grupo de 20 professores, cerca de 450 atendidos de Itabuna e cidades circunvizinhas (sob coordenação pedagógica de Mariene Rezende) e 280 associados (contribuições voluntárias).
Do show ao reconhecimento
Ficou evidente o reconhecimento de estudantes como Hiago Viana, de 30 anos. “Tudo que eu sou hoje é através da Apae”, resumiu. Com um jeito contido, Leíde Nascimento, de 60, também expressou o quanto cresceu: diverte-se com música e dança do ventre, além da escola. Na mesma fileira estava o filho Adriano Nascimento, de 36, outro aluno da citada escola.
O presidente Olegário Muniz, funcionário por mais de 30 anos e à frente da entidade desde janeiro, ressaltou a dedicação dos professores. Ele se disse esperançoso com o apoio de agora, quando a prefeitura custeou a reforma da escola. “Foi um percurso de muita luta, vontade, trabalho e percalços. Estamos enfrentando um período ruim; com a pandemia, houve dificuldade de repasse. Mas acredito que deve ter uma melhora”, avaliou.
Tem nova comemoração em novembro, como lembrou a diretora Juilma Nogueira. Porque será o aniversário de 49 anos em Itabuna. “Quase meio século de funcionamento ininterrupto! Trabalhamos junto com a escola comum, para que esse aluno tenha êxito; é o verdadeiro objetivo e a maior comemoração hoje”, pontuou.
E explanou sobre o acompanhamento, comparando com a época em que não se reconhecia a capacidade de evolução dos alunos. Testemunha do aprendizado mútuo, observou: “afeto, amor, abnegação, resistência são mais importantes do que formação”.
A sessão contou, ainda, com a presença das professoras Lindiana Gomes (Educação Inclusiva), Josevalda Alves (Conselho de Acompanhamento) e Suse Mayre Moreira (Secretaria de Promoção Social). “A Apae é pioneira, vimos o belíssimo trabalho da instituição; o importante é que ela busque outros caminhos”, afirmou Suse, diante da discussão sobre dificuldades financeiras.