Lideranças indígenas da etnia Pataxó hã-hã-hãe e servidores da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) – Polo Pau Brasil, estiveram reunidos com a diretora-geral do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, para a realização de uma escuta sobre demandas e oferta de serviço de qualidade para a comunidade indígena da região. O encontro aconteceu na Câmara Municipal de Pau Brasil, dez dias após a visita que o coordenador do polo Base do DSEI – Pau Brasil, Iago Santos, e o representante do Conselho Municipal Indigenista do município, Antônio Ribeiro, visitarem a unidade, que é o único hospital na Bahia habilitado pelo Ministério da Saúde para atendimento especializado aos Povos Originários.
No encontro em Pau Brasil, a diretora-geral destacou o fato de que a referência deste serviço começou em Ilhéus, mas já foi ampliado, passando a atender sul e extremo sul da Bahia. Credenciado no ano passado pelo governo federal com apoio da Secretaria Estadual da Saúde e da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS), entidade gestora do hospital, o HMIJS está próximo a receber o segundo monitoramento do Ministério da Saúde e dentre as propostas que constam no Plano de Atenção Especializada aos Povos Originários (IAE-PI) encontra-se a necessidade de estreitar laços com as comunidades indígenas para aproximá-las dos serviços ofertados.
Acolhimento e humanização
Outras diretrizes que norteiam o programa estão em execução, a exemplo da melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado; adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais; e ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia. A iniciativa conta ainda com o acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.
Também estão previstos o estabelecimento de fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (CASAI) e a qualificação dos profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas quanto a temas como interculturalidade.
Visita às aldeias
Além de apresentar números estatísticos do hospital, que agora em dezembro completa três anos de funcionamento, com 8.875 partos, sendo 338 indígenas, Domilene Borges falou sobre a importância de conhecer as aldeias da região de Pau Brasil, Camacã e Itaju do Colônia – que, juntas, têm uma população estimada em 5 mil habitantes – para conhecer as suas singularidades e as demandas das comunidades. “Já fazemos isso com a população Tupinambá, em Ilhéus”, afirmou. O resultado deste encontro irá compor um relatório contendo a necessidade de ampliação do serviço, iniciativa que está prevista para acontecer já em 2025. Durante o encontro, o Hospital Materno-Infantil foi presenteado com um quadro, representando o agradecimento da comunidade indígena ao serviço que é prestado.
Referência
O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio conta com 105 leitos, destinados à obstetrícia, à gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, com funcionamento 24 horas e acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. O investimento do estado foi de aproximadamente R$ 40 milhões, entre obras e equipamentos. A Bahia conta com uma população indígena estimada em 34 mil e 800 pessoas, distribuídas em oito polos-base e 139 aldeias por todo o estado.