Vamos logo ao fim da história: o índio acabou preso. Até aí, nada muito alarmante, num país em que índios são queimados em praça pública. O que pegou, mesmo, foi a justificativa para a prisão. Não a oficial (desacato à autoridade), mas a real: o índio, coitado, esqueceu-se de fabricar um cocar com penas certificadas pelo Ibama. Xilindró. Mesmo num país em que hidrelétricas invadem reservas indígenas, exibindo poderosos selos de conivência, digo, certificação do Ibama.
Deu-se no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, no Amazonas. Por estar carregando um cocar, o líder indígena Paulo Apurinã foi barrado por um fiscal do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) quando tentava entrar na área de embarque do aeroporto.
De acordo com o também líder indígena Jair Miranha, que acompanhava Paulo, agente ambiental federal do Ibama Sebastião Souza disse que o indígena não poderia embarcar levando seu cocar, alegando que ele era feito de penas de animais silvestres e não tinham o “selo” do Ibama.
“Isso é um desrespeito aos nossos valores culturais. Nos sentimos humilhados na nossa própria terra, passar por uma situação dessa na frente de todas aquelas pessoas, como se fôssemos bandidos. Mas somos indígenas, e esse é nosso jeito de se vestir. O cocar tem um valor cultural para os indígenas”, disse Miranha.
Segundo ele, Apurinã estava levando o cocar no carrinho de bagagens e chegou a justificar o uso do adereço ao fiscal, apresentando seu Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani), mas o fiscal não permitiu seu embarque mesmo assim e um segurança solicitou apoio da PF.
O fim da história está no primeiro parágrafo. Este blogueiro recusa-se a escrevê-lo de novo.
Com informações do jornal A Crítica.